quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Si.

É quando o coração fica pequeno,
e quando aberto, volta a ser ferido,
se retrai, se fecha novamente.
Vira mágoa, vira raiva, vira dor.
Você fica pequeno.
Você some dentro de si.
E fecha todas as portas e janelas,
afunda todos os seus barcos,
destrói seu cais...

E a vontade de abrir novamente some,
junto com o que restou dos restos de si.

(Allan Chaves, 19:47 - 20:00, 17/09/2015)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Irmão Tempo.

Muito bem tempo, então nos encontramos como tantas vezes já fizemos.
Muito bom tempo, espero que não esteja esperando tanto como da última vez.
E quer saber os motivos, velho companheiro?
Te dou vários, e todos eles, completamente opostos ao que você queria.
Sim, tempo, eu não acredito mais nas esperanças de um futuro brilhante.
Passei tanto por você sem buscar nada, apenas buscando me entender, que no fim...
No fim, eu não conquistei nada de real. De físico, de sólido.
Nada do que as pessoas me mostraram ser o segredo de uma vida plena.
Dinheiro no bolso, uma boa carreira e amor no coração.
E falando no falso do seu irmão, o amor, ah, o amor.
Tempo, meu amigo, passei demais ao seu lado tentando arrumar uma companhia.
E no final de tudo, me tornei amargo, me tornei triste. E venho decidindo me tornar sozinho.
Não acredito mais no seu irmão, o amor, amigo tempo.
Pois ele brincou comigo, me trazia presentes, e os levava de capricho.
Mas acima de tudo amigo, ele me mostrou como era ser igual a ele.
Mostrou que não se resumia ao sexo, que não se resumia a beijos e abraços.
O amor me mostrou que pra entendê-lo, era necessário companheirismo, de irmão.
Então, não tão tarde, ele fugiu de mim, escapou por entre os dedos, me fez sofrer.
E você viu amigo tempo, você estava comigo pra cada lagrima que escorria.
Pra cada segundo que não passava, pra cada dor que se acumulava.
Amigo tempo, hoje não sei se devo ser teu amigo, ou se devo tentar evitá-lo.
Como se fosse possível tal feito.
Mas no fim, começo a querer odiá-lo, como odeio teu irmão, como odeio teu pai, o destino.
Como aprendi a odiar tudo o que me trazes, pois sempre me trazes com prazos de validade.
E meu prazo parece estar chegando.
E queria que fizesses um favor.
Rápido.
Indolor.
Amigo tempo, se me queres feliz, se me queres sorrindo.
Faz-me parte de tua essência. Esse mínimo senso de decência.
Me leva contigo irmão tempo, e me poupa de todo o resto.
Pois é o que me resta nessa vida.
Os restos. Sejam teus ou meus.
Me leva irmão tempo.
Pois estou cansado de deixar, a mãe vida me levar.

(Allan Chaves, 22:21-22:53, 14/09/2015)

sábado, 12 de setembro de 2015

"Parte de mim..."


"(...) Parte de mim
Quer te ver feliz
Parte de mim
Te expulsa, te perde
Parte de mim
Quer te ver feliz
Parte de mim
Te expulsa e morre (...)"


Que termine logo, que amanheça logo.

12.

O dia de hoje já foi o mais importante pra mim, durante alguns anos, foi.

Em suas vésperas eu deitava de coração apertado, acordava no dia ainda pior, pois a lugar nenhum me levava sentir aquela pequena pontada no peito. A pontada não me considerava sequer amigo, não olhava pra mim, não supria sequer um sentimento que senão o de me afastar. E eu me afastei, o que mais o coração adolescente podia fazer? Mas de erro em erro, eu busquei a dor de não tê-la em outras pessoas, procurei e comparei. E me arrependi, pois no final, buscar quem nunca esteve comigo era um erro. O que é bem óbvio, não parecia na época, então eu apenas segui em frente, pra todo dia 12 relembrar dela.

Não digo que não aconteceu, na verdade, tudo aconteceu.

Por mero acaso, estávamos juntos, um acaso de 2 anos e menos de um metro de altura. Não era como estar apenas apaixonado, não era apenas estar com alguém, era mais, era  mútuo, era completo. E eu perdi. Eu fingia não acontecer, não mostrava o que faltava pra mostrar, me desconectava, e os dias 12 voltaram a ser vazios. Foi quando eu afundei e cavei minha cova em busca do isolamento, afundando, cavando e esquecendo o que eu era.

Mas nós iriamos nos encontrar de novo, e quantas vezes não o fizemos? Quantas vezes nos anos seguintes vivemos de idas e vindas? De mágoas e feridas? Até que nos afastamos tanto que mal éramos capazes de nos entreolhar.

Mas nesse mesmo dia, exatamente há um ano, vivemos nosso último beijo, no dia mais importante pra mim, revivemos um último momento que eu tentei prolongar por poucos meses até ser lembrado que era amado, mas não querido. No final, acabara como nada. Acabara do jeito que nunca deveria ter começado. No final, talvez hoje ainda seja o dia mais importante da minha vida, mas quem sou eu pra admitir isso? Quem sou eu pra continuar com isso?

As decisões de um só, são só dele.

(Allan Chaves, 21:35-22:20, 12/09/2015)

"Foi numa noite, igual a essa, que tu me desse, teu coração..."








(Allan Chaves, 2015)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Setembro.

Vivi tantos Setembros que nunca vieram,
Deixando de lado Setembros que queriam estar,
E agora não sei quantos Setembros ainda tenho,
Nem quantos Setembros posso doar.

Passei uma vida acreditando e vivendo algo que não deveria ter acontecido,
Que virou um mero passado apagado,
Outro Setembro dolorido...

Eu vivo hoje do passado,
Pois nenhum presente quer ficar,
E quando me libertei de Setembro,
Novembro não quis ficar.

Nem Janeiros, Maios, Agostos,
Dezembros, Junhos e até outros Setembros,
E me sobraram apenas os fantasmas,
Daqueles dias de Setembro.

(Allan Chaves, 01:34 - 01:55, 05/09/2015)


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Caçadas.

Prata para as bestas.
Aço para os homens.
Amor para as mulheres.

(Allan Chaves, 03/09/2015)

Segundos.

Foi tentando passar desapercebido que percebi,
que meu coração ainda está preso no mesmo lugar.

(Allan Chaves, 03/09/2015)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Mês.

Entramos naquele velho mês,
que de nada me acrescenta,
que de tudo me fere,
que me assombra.

E das assombrações,
afasto-me de ruas,
ruelas, cinemas,
portões e locais.

É o mês que nunca passa,
é o mês que não se vive,
é o mês que não se entrega,
é o mês que não me existe.

(Allan Chaves, 23:29 - 23:34, 01/09/2015)

Sobra.

É como absorver o que sobra de escuro ao seu redor,
sobreviver com os olhos fechados e o coração ferido,
ataduras são como amarras que impedem o movimento,
curativos que de nada escondem as feridas...

(Allan Chaves, 22:21 - 22:27, 01/09/2015)