domingo, 23 de janeiro de 2011

Seu Ladrão.

Meu relógio marcou meia-noite.
A Lua cheia no céu me ilumina,
um cachorro idiota late longe...
E algum bebê em algum lugar não para de chorar...

Ratos sobrevivem nas vielas,
e calafrios sobem por minha espinha...
É como se alguém pudesse me levar ao túmulo,
e eu imploro que o Sol brilhe...

Ninguém vai te avisar,
ninguém vai gritar 'cuidado!',
você não vai sentir o dano,
Até que eu esteja encostando em suas costas...

Sou um ladrão noturno, durmo durante todo o dia,
a noite sai do meu caminho...
Fique atento com esse ladrão, irei ver você esta noite...
E como ladrão, vou roubar uma coisa que sou eu posso roubar de você...

Deite... e apague a luz...

(Allan Wagner, 00:03 - 00:23, 23/01/2011)

Por Você.

Vivi por você,
morri por você,
me seguro em como levamos nossas vidas,
com o modo que tudo se tornou.

Mas tem coisas que estão prestes a mudar...

Mentiras foram descobertas,
você sempre foi superficial,
Você mudou sua mente...
A vida finalmente é alterada...

Não vai ficar tudo certo. Não posso deixar ficar tudo certo.

Quando eu te vi, pude ler bem dentro de teus olhos,
o destino apenas me confundiu...
Eu engoli as mentiras, nem posso culpar você por isso,
Por pensar com seu coração.

Vejo o mundo ruir, cair.
Eu sei.
O que está escuro logo se tornará claro,
eu ficarei bem.

A vida continua passando depressa,
eu seguro o fôlego,
e ela vai continuar passando,
e sei que você continuará mau-humorada com as memórias que você guarda...

(Allan Wagner, 15:00 - 15:19, 22/01/2011)

Grito.

Andei pensando em mais coisas para dizer a você,
No final eu não disse nada...
Decidi sair por aí, somente dirigir,
você bateu a porta...

Ironicamente, estou cansado de todas as pequenas coisas,
elas são a maior razão pela qual eu continuo gritando!

Precisava de você,
Acabei ganhando outro buraco na minha testa!
Sim, eu precisava de você,
Deixei as chaves do carro na sua mão, e acreditei que seguiríamos juntos até a morte...

Quando chegou sua vez,
você preferiu levar a vida devagar e aprender,
Precisamos do fim, você quer o fim, eu também...
Eu acredito que deixei tudo para trás...

Todas as pequenas coisas me cansaram,
Essa é a razão pela qual eu ainda grito...

(Allan Wagner, 08:26 - 09:01, 21/01/2011)

Olhos Negros.

Você e seus encantadores olhos negros,
atravessam o que resta de meu coração,
não me arrependo,
você rasgou ao meio o meu orgulho...

O frio corre por minhas veias,
e sinto o olhar das pessoas,
elas me caçam a cada passo,
e não vão parar de me caçar...

A hora vai chegar,
e tudo ao meu redor está queimando,
você ainda me verá,
me pedindo pra voltar, vai perguntar para onde eu fui.

Vá agora,
corra e se esconda,
o descanso eterno chegará em tempo,
e eu não.

(Allan Wagner, 17:22 - 17:53, 20/01/2011)

Caminho Errado.

Alguém disse "eu tenho algo para dizer"
Então você me olhou nos olhos...
"Tem algo que você precisa saber"
terminou e começou a chorar...

"Tenho sido o caminho errado"
"Juro que não volto lá".
Eu vi seu rosto antes do que você fez,
e não acho que posso voltar pra você de novo...

Existe algo que mudou em você,
tem algo que eu não consigo ver,
você mudou seu jeito de rir,
por trás dos teus olhos você mente.

Você voltou a ir embora,
E outro olhar surgiu em seus olhos,
e sabendo que isso machuca,
você fez isso de novo!

Então esse foi meu Adeus.

Você disse que sente muito!
E que isso machuca você da mesma maneira!
Você não tem mais no que acreditar,
e me joga no seu jogo?

Por trás dos teus olhos você mente,
Por trás daqueles olhos você me esconde...

(Allan Wagner, 14:42 - 15:03, 19/01/2011)

Enfeite de Parede.

As mãos do meu pai sempre estavam sujas,
dizia que era pelos longos dias de trabalho,
e minha mãe estava em casa, servindo nossas refeições,
tentando manter suas costas agasalhadas,

E tudo que eu passei...
Eu sei como isto é ruim, é muito ruim...

É uma pena, é estupido,
ele chegou tarde demais,
ainda chegou errado,
não adianta me pedir pra ser seu filho agora.

Não agora.

Eu tenho certeza que você tentou,
dando sinais de vida de tempos em tempos,
e ter certeza de que nós estamos vivos!

E você não estava lá.
Quando mais precisei de você,
você não estava lá.

Isto é ruim, você não sabe o quanto isso é ruim...

(Allan Wagner, 06:58 - 07:21, 18/01/2011)

Dinheiro.

Roupas de marca, ternos elegantes, carros importados,
hotéis cinco estrelas e charutos cubanos tirados da boca de Fidel...
Todos estão disponíveis, disponíveis por um bom preço!
As garotas fogosas continuam dançando a noite inteira,
elas não tiram os olhos de você....
Ou seriam da sua cintura?
O que faz você ser assim?
Você pode garantir tudo?
E essas garotinhas, querem tudo...
Os carros, as mansões e tudo o que couber na sua cintura,
tudo que couber na sua carteira...


Venha, me ame pelo dinheiro,
ouça a voz do meu dinheiro...


Uma criada francesa sabe fazer tudo, uma italiana chefe de cozinha pode mais,
a casa grande com uma cama tamanho gigante,
pra caber todas as garotas que trabalham pra você,
você tem o bastante, você as despede quando perdem a graça...
O dólar nesse sobe e desce, é melhor você comprar em euro,
todas querem você,
elas não tiram os olhos de você,
o que faz agora?
Você garante o que elas querem?
Essas garotinhas, querem violar as leis e violar muito mais,
não importa a idade, desde que seja maior, tudo posso...

Quero que você me ame pelo dinheiro,
e que continue ouvindo a voz do meu dinheiro...

(Allan Wagner, 05:26 - 05:48, 17/01/2011)

A Noite do Show.

Quem vejo na primeira fileira?
Pulando com a batida do som,
movendo e remexendo,
Me matou quando eu a vi...

A mancha molhada no assento do meu carro,
Foi a Pepsi?
Espero que tenha gostado do show,
Pois essa noite quando a banda disse boa noite...

Eu vou te dizer olá...

Minha pequena amante,
não consigo tirar você da minha mente, nem quero...
Você me faz descobrir muita coisa que eu não sabia,
todos os prazeres ocultos...

Você com certeza é doce...
Uma perna para cada lado...
Na minha cama...
Seguimos em alta velocidade...
Isso Poderia ser um pesadelo
Ou poderia ser um sonho...
Mas não vamos pensar nisso a caminho para a minha casa...

Pensei ter te ouvido gritar...?

(Allan Wagner, 18:01 - 18:29, 16/01/2011)

Overdose em Você.

Nunca fumei cigarros, eles fazem mal a saúde...
Nunca me embebedei de verdade, não faz meu tipo...
Eu sou apenas um homem, e você teima em não entender!
Um único homem às vezes pode perder,
e você me dá algo que eu nunca tive,
algo entre suas pernas que só pode ser minha...
E você me destroi junto com você...
Eu levantei, acho que estou apaixonado,
Espero que você me tire de certas dificuldades...

Por você tive uma overdose,
uma overdose em você,
parece muita loucura mas é verdade,
Não há mais nada que eu possa fazer...
Você me dá mais do que eu posso aguentar...

Você sabe que eu tive uma overdose de você...

(Allan Wagner, 16:12 - 16:37, 15/01/2011)

Bêbado.

Bêbado de novo, fica repetindo 'hora de lutar'!
Ele fez algo de errado esta noite de novo,
ele chega transformando o salão num ringue de boxe,
e corre quando vê alguém apertar os punhos!

Ela grita do fundo do corredor,
Incrível, ela consegue falar,
Ela implora... “volta para a cama”
Estou aterrorizado, posso morrer nas mãos dela...

Ouço a enfermeira dizer que apenas escorreguei e caí,
algo me pica o braço e começa a inchar,
Ela olha, senta no meu colo e pede a verdade,
ela está quente e não suporto não dizer a verdade...

Já estive lá, e não quero voltar nunca mais!
eu o vi antes e sei que ele pode matar,
agora sei o quanto pode ser assim tão mal...
E ela é apenas uma mulher...? Tão má...

(Allan Wagner, 06: 58 - 07:15, 14/01/2011)

Minha Doença Favorita.

Gosto das calças que envolvem seus pés,
e da sujeira que está em seus joelhos,
amo o jeito que você ainda diz por favor enquanto olha pra mim,
Você é como uma doença.

Minha doença favorita.

Amo os lugares que vamos,
amo até as pessoas que você conhece,
e amo o jeito que você não consegue dizer não...
Eu amo até o pó em seu nariz...

Sei quem você é,
não quis que fosse fácil,
mas adorei o quanto foi difícil,
difícil de desvendar você...

Gosto dos sinais em seu seios,
gosto do jeito que você implora por meu melhor,
das pequenas manchas de lama em tua saia,
e de nunca saber qual calcinha você usa...

Amo as horas que você cai,
e as horas que você desmonta sem mim,
amo sua falta de respeito próprio,
amo minhas mãos em volta do teu pescoço...

Sei quem você é,
não foi fácil,
não foi difícil,
mas finalmente desvendei você...

(Allan Wagner, 13:25 - 13:48, 13/01/2011)

O Que Não Precisa Dar Certo.

Eu queria você.
Eu não queria mais ninguém,
eu pensei nisso,
eu tive você pra mim!

Mas você não me tinha,
você esteve em cima de mim,
e minha mente dizia que eu tinha que aceitar,
aceitar a escravidão...

O que estava errado?

Não era para dar certo,
não foi feito para dar certo,
não importa o que dizem,
Afinal nós só éramos bons na cama!

Eu estava desinteressado,
então podia nos ver brigando,
e eu lutando por todas as razões erradas...
Não, não importa, eu sei que eu tentei.

(Allan Wagner, 01:23 - 01:35, 12/01/2011)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Parar.

Pare o tempo, ou ele poderá te parar,
pergunte quais as chances você tem de ganhar,
venha a mim preciso de você lá,
ou o tempo irá nos derrubar...

(Allan Wagner, 11:06 - 11:13, 11/01/2011)

Fugitivo.

Tivemos sempre dois caminhos,
você me falava de caminhos em que andávamos em estrelas,
eu gostava de te ouvir sonhar,
mais do que qualquer coisa.

Mas algo aconteceu,
entre eu e você,
você fugiu,
não sei onde se escondeu, não sei.

Mas quando te encontraram,
disseram que a culpa era minha,
que seu corpo,
tudo tinha acontecido como eles desconfiavam...

E agora eu vivo,
correndo pra viver,
vivendo apenas me escondendo,
orando por inocência.

E esse mundo,
quer me devorar,
agora eu vivo,
fugitivo.

Em quantas casas eu já morei?
E quantas estradas eu já pisei?
De quantos pequenos animais me alimentei?
E ninguém crê que não te matei.

E agora eu vivo,
fingindo que sei viver,
vivendo dos meus restos,
relembrando você.

E o mundo,
quer me retalhar,
e eu continuo,
fugitivo...

(Allan Wagner, 15:16 - 15:27, 10/01/2011)

Neutro.

Sem vontades,
sem bondades,
sem atitudes,
nenhuma fortitude...

Errou quando podia,
acertou quando não deveria,
subiu ao topo,
cresceu até o limite.

Era mais que todos,
tinha mais que todos,
não sonhava mais,
e caiu...

(Allan Wagner, 09:35 - 09:46, 09/01/2011)

Última Bala.

Puxou o gatilho e rezou.
Nunca havia rezado de verdade, mas o fez.
Era sua última bala.
A última do rifle.

Não havia mais nenhuma nos bolsos.
Provavelmente a última que atiraria na sua vida.
Sendo pro bem, ou pro mal, era a última.
Puxou o gatilho e rezou.

(Allan Wagner, 12:05 - 12:11, 08/01/2011)

Velho.

Sou o velho rosto,
sou o velho corpo,
sou o velho pensamento,
com espírito novo.

Sou o mesmo de antes,
mas não sou o mesmo,
sou conservador tolo,
mas que muda o tempo todo...

(Allan Wagner, 13:01 - 13: 06, 07/01/2011)

Uma Parte em Três.

Antes de dormir decidi rever fotos do último ano.
Rever os acontecimentos e relembrar poucos momentos.
Mas não consegui.
Não haviam poucos momentos.
Não haviam dez, quinze, vinte fotos como sempre...
Havia cem, duzentas, trezentas fotos...
Em todas elas vi o que eu deixei passar enquanto estava preso.
Em todas vi que a melhor coisa que fiz foi me livrar dela...
Ganhei novos colegas, novos amigos, novos irmãos...
E duas pessoas em todas elas em especial me chamaram atenção.

Não haviam fotos em que elas não estivessem, e mesmo que uma não aparecesse, a outra estava sempre lá.

Eu vi o sorriso e vi o riso.
Não vi momentos ruins.
E mesmo se houvessem piores momentos.
Não seriam tão piores com elas.
Nos completamos.
Nos complementamos.
Nos entendemos.
Nos amamos.
Por mais estranho que isso possa parecer.
Por mais forte que isso não poderia chegar.
Hoje sou incompleto sem elas.
Sou metade.
Uma parte em três...

(Allan Wagner, 14:30 - 14:49, 06/01/2011)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobrevivendo - Parte Um.

Segunda-feira...

As ruas estavam tomadas por aqueles monstros, e eu preso dentro do meu apartamento. Por dois dias via pelo olho mágico as pessoas zanzando pelo corredores, meu silêncio valia ouro aquele momento. Durante toda a noite fiquei ouvindo o rádio no canto do meu quarto pra que nenhum daqueles monstros me ouvisse. Por volta das nove da noite ouvi um sinal, alguém dizia que havia sobreviventes, estavam todos no Hospital Geral da cidade, havia tanques, helicópteros, todos esperando por sobreviventes, estariam lá até o fim da semana, esperando.

Me senti animado novamente. Desde o início dessa infecção - há duas semanas - não saio de casa, mesmo quando os mortos não haviam aparecido na cidade não queria sair da casa. Pedi a um vizinho que comprasse tudo pra mim... Agora só tenho alguns pães, pouca carne e alguns enlatados nos armários e geladeira... mas sei que em breve a energia também vai acabar, e essa notícia me renovou as esperanças.

Passei a noite pensando em saber se essa coisas são cegos ou surdos. Não acredito que essas coisas mantenham todas as funções normais de um ser humano.

Dez da manhã de segunda-feira. Peguei uma mochila leve e coloquei tudo o que podia, mas sem abarrotá-la. Biscoitos, sucos, algumas frutas e água, pelo menos quatro garrafas d'água. Abri um pouco a porta da frente, dois deles, um em cada lado. Enrolei uma toalha velha e joguei na frente de um deles, mas ele não esboçou nenhuma reação.

Ótimo, significa que eles são cegos. Espero.

Molhei um calção sem uso e joguei com toda força no fim do corredor, seu estalo ecoou e os dois monstros seguiram na direção do som. Tudo bem agora, mas preciso pensar em como vou sair e pr'onde vou, não quero virar comida de zumbi.

Mais meia hora e fiz novamente o ritual, joguei a toalha molhada, então segui pro lado oposto a eles, o lado da escada. Achei um cano jogado no chão, pelo visto tinha mais alguém por aqui e decidiu pelo mesmo caminho que eu.

O cano parece ser de aço, metal, sei lá, mas é pesado o suficiente pra esmagar uma cabeça. Sigo pelo corredor, acho que fiz barulho ao erguer o cano, aquelas coisas viraram e estão vindo na minha direção. Merda! Viro o corredor e vejo que tem mais uns quatro deles...

A janela que leva a escada da saída de incêndio é logo atrás do terceiro... Vasculho rápido e acho uma pedra, espero ter boa pontaria... Acerto a janela atrás do último da fileira, e eles seguem na direção do barulho.

Pulo rápido pra fora, a escada de incêndio parece intacta, acho que nenhuma dessas coisas subiu por ela... Subo até o teto, ninguém. Alguns corpos dilacerados apodrecem com o Sol, o cheiro me faz vomitar automaticamente. Ponho um lenço velho no rosto e empurro os corpos pelas beiras do teto. Fecho o portão da escada de incêndio e dou uma olhada em volta...

Uma legião de mortos toma as ruas, cem, duzentos, talvez mil... Não dá pra contar, alguns prédios e casas estão em chamas. Não vejo sobreviventes sobre os prédios, nem carros, motos, nada... OK, agora aquela pequena ponta de esperança , ínfima, agora sumiu...

Sento em algum lugar protegido do Sol e penso... Durmo... Quando acordo já é noite... ouço os gemidos dos monstros lá embaixo, hora de preparar qualquer coisa pra me tirar daqui...

(Allan Wagner, 11:02 - 12:12, 05/01/2011)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Covarde - Parte Final.

Os monstros agora estavam focados no grupo. Mesmo naquela varanda tentavam subir a todo custo em busca de alimento.

'Ok, aqueles miseráveis nos deixaram aqui pra morrer!'

'Pára de gritar! Quanto mais você grita, mais eles tentam nos alcançar!'

'E daí? Eles não podem subir! Eles vão perder os dedos antes mesmo de subir aqui!'

O silêncio tomou a varanda depois daquilo. Perceberam que não tínham pra onde ir, nem como sair.

'Então acaba aqui.'

'Logo agora que você me achou né' - ela sorriu pra ele.

'Pois é né' - e sorriu com ela.

Passada meia hora o Sol começava a deixá-los tontos.

'Eu preciso sair daqui!' disse o homem gordo 'Eu vou sair daqui!'

'Do que você está falando cara? Pára com isso! Você está assim por causa do Sol!' disse o rapaz moreno.

'Saia da minha frente seu vagabundo! Eu vou sair daqui!'

'Não!' e o homem pulou da varanda, caiu apenas um andar, e não sofreu nenhum ferimento grave. Saiu correndo entre os monstros e pulou em cima de uma moto que estava abandonada com a chave

'Morram todos filhos d'uma mãe!' e saiu em disparada, atropelando boa parte dos zumbis que estavam na sua frente.

'Gordo maluco!' gritou ele, abraçado a ela.

O homem correu por mais cem metros na moto e olhou pra trás, não viu o zumbi enorme que estava na sua frente... Era um rapaz negro e parecia pesar mais de 200 quilos, sua blusa estava rasgada e suas calças apertadas demais pra o corpo, parecia estar inchando.

Em questão de segundos desviou e derrapou com a moto pro lado, ralando os braços no chão, alguns mortos o viram e seguiram pra onde ele havia caído.

'Que merda é essa?'

O morto enorme se aproximou e parecia estar maior. Os olhos do homem se encheram de lágrimas de arrependimento. Olhou para a varanda ao longe.

'Merda.'

Explodiu.

O zumbi explodiu e arremessou fezes e carne para todos os lados. O homem estava tão próximo e foi jogado com tanta foça que teve seu corpo dividido ao meio.

O outros mortos logo se aproximaram e começaram a devorá-lo. O som da explosão chamou a atenção dos mortos que estava embaixo da varanda.

'Aquele gordo miserável, morreu por nada!' disse o rapaz moreno.

'Acho que não.' disse ela apontando para um carro próximo 'algum de vocês dois sabe fazer aquele negócio de ligação direta?'

'Eu sei' disse ele, os outros dois olharam abismados 'que foi? Meu pai era mecânico...'

Quando os monstros estavam suficientemente longe, os três pularam. O rapaz moreno pulou primeiro, como era mais alto e aparentava ter um físico mais desenvolvido não teve problemas. Foi silencioso o bastante pra não chamar atenção.

Quando os dois pularam, o rapaz segurou nos braços ele e ela, pois eram pequenos e leves.

'Vamos guri, acelera.'

Logo estavam do lado do carro, não foi difícil abrí-lo. Deram uma olhada no carro e acharam uma chave reserva no porta-luvas.

'Mais fácil que a ligação direta.'

Vasculharam o banco traseiro e o porta malas rápido, nenhum sinal dos mortos. Aceleraram e atropelaram alguns mosntros, em poucos minutos estavam fora da cidade.

'Lembra onde é o acampamento da gente guri?'

'Lembro, lembro...' e olhou pra ela, que retribuiu o olhar com um sorriso.

'Então vamos pra lá, minha esposa está me esperando' disse o

rapaz moreno sorrindo 'e lembra do que falavam de você garoto?'

'Hmm... Lembro...'

'Você não e aquilo. Você não é um covarde.'

(Allan Wagner, 09:35 - 10:11, 04/01/2011)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Está Aqui.

Me disseram que você tá bem,
agora já tem um outro alguém,
Encontrei muita coisa por todo esse chão,
Mas niguém pra me abraçar ou me dar a mão...

Chorei sim, sem disfarçes,
Quando passei pela sua janela,
Todo o amor que há em mim,
não passou...

Tentei falar, mas você disse que não havia nada pra ouvir,
Quis voltar e adimito que errei,
Te amei bem mais que a mim...
Não sei pr'onde vou, mas vou...

(Allan Wagner, 15:11 - 15:23, 03/01/2011)

Nublado.

Compromissos teimam em ser,
motivos de quem deseja estar vivo,
mas os casos que eles criam?
E os descasos que eles proporcionam?

Qual sua medida?
Até onde eles podem chegar?
Quem decidiu medí-los?
Em que verbo eles se conjugam?

Insensíveis,
incompletos,
inexpressivos,
entediantes...

(Allan Wagner, 02:01 - 02:09, 02/01/2011)

Embebido em desordem.

Requisitado amigo,
enquanto bebo e escrevo essa mensagem,
vejo que dois e dois são oito,
e que os seios da dama em minha frente são

alvos e perfeitos,
sei que ela me esbofeteará se notar,
mas com dois desses não vou ligar!

Meu caro amigo,
escrevo por tais linhas,
canto por péssimas sonoridades,
me embebedando nas saudades,
deixando me levar.

Meu querido amigo,
sei qe sou falho em momentos difíceis,
mas meus momentos difíceis não deixam saber

dos teus,
e eles impedem de me preocupar com qualquer

outro senão eu,
mas a espera será findada em breve.

(Allan Wagner, 20:48 - 21:00, 01/01/2011)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Show de Horrores.

Apresento a vocês o show de horrores,
que apresentei por toda minha vida,
aquele que todos faziam questão de ver,
apenas pra zombar e rir.

Mostro as questões que guardo a anos,
os segredos fúteis que não precisavam ser guardados,
os erros pequenos que se acumularam ignorantemente,
e por tudo que fiz não tenho volta.

E nesse show infinito,
nessa maldição de proporções épicas,
nesses momentos de pura insensatez,
eu busco a sabedoria.

Pois, por tudo que eu fiz,
por tudo que poderia ter sido feito,
pelas decisões que poderiam ter mudado tudo,
eu não mudaria nada.

(Allan Wagner, 22:12 - 22:35, 31/12/2010)

Memórias Demais.

E então o que era bom não é mais,
e os lugares que fizeram diferença hoje estão abandonados,
toda sua vida passou por seus olhos,
seus discursos agora não fazem sentido.

Essa vida passou despercebida,
continuou sem motivo aparente,
você não teve inicio, meio, nem fim,
você não fez nada importante.

Você apenas se manteve fugindo.

Você esperou retorno de nada,
fazia mas ninguém se interessava,
você se sacrificava, se matava,
e no final duas pessoas foram te ver...

Algo esteve errado esse tempo todo,
você apenas viveu fazendo, e guardando rancores,
se manteve de pé, dormiu acordado,
você queria que todos lembrassem de você por um dia...

Mas você apenas esteve oculto por conta própria.

Memórias restaram,
mas nenhuma delas foi sua.

(Allan Wagner, 09:17 - 09:51, 30/12/2010)

Garota, Eu Sei.

Mordi meus calcanhares para sentir dor,
queria a certeza de que estava vivo.
Conscientemente percebi no que havia me metido,
era como vestir as roupas d'um palhaço e deixar a platéia rir.

Todos os pesadelos que esperava que não se repetissem,
vieram a tona com força total...
Deixei algo maior vir de dentro de mim,
então deixei queimar tudo o que eu sentia.

Eu passei na sua frente e você fingiu que nada acontecia,
continuou agindo como se eu não estivesse ali.
Agora tinha as provas que precisava pra poder acabar com você,
agora sabia como provar que eu nunca estive errado.

Deixe aquilo que você estava segurando adentrar sua garganta,
o mais fundo que você puder,
depois engula seco e olhe fixamente pra mim,
eu agora tenho muita coisa pra contar pr'aqueles que te protegeram.

É garota. Agora eu sei.

(Allan Wagner, 16:12 - 16:38, 29/12/2010)

Obliterado.

Procurou arduamente aquela palavra no dicionário, mas ela não aparecia em lugar nenhum. Achou que era uma palavra incomum, ouviu alguém na escola falar, e a sua curiosidade aos dez anos falou mais alto.

- Esse dicionário não vale nada! Não tem essa palavra!

E correu até seu pai, com certeza ele saberia, era um homem inteligente.

- Obliterado? Deve ter algo a ver com cozinha... Vá perguntar para sua mãe, ela está na cozinha.

Ficou decepcionado. Todo mundo sempre dizia que seu pai era um homem muito inteligente, disseram que ele era um tipo de 'sábido' ou 'sábo', algo assim. E lá foi ele, correu até a cozinha. Sua mãe estava tentando cozinhar algo.

- Obli-o-quê? Ah meu filho, isso tem cara de filme. Não é o título d'um filme não? Nunca ouvi essa palavra! Seu irmão deve saber, ele que gosta dessas coisas de filme!

Filme? Acho que os professores não conversariam sobre filmes na sala de aula, mas foi até o quarto do irmão.

- Irmão, o que é 'obliterado'?

- Quê? Onde cê ouviu isso?

- Os professores falaram no meio da aula, enquanto fazíamos a tarefa eles falaram, eu ouvi...

- Hm... Então é coisa de professor, mas acho que já ouvi essa palavra. Já procurou no dicionário?

- Já.

- E?

- Nada.

- Desculpa irmãozinho, não sei mesmo, mas se descobrir, te digo.

- OK.

E saiu mais do quarto do irmão. Mais uma vez estava decepcionado. Todos na casa eram tão inteligentes, como ninguém sabia o que significava aquilo?

Repetiu alto a frase do professor, sem saber o que a palavra significava.

- ''Tive minhas expectativas OBLITERADAS!''

E foi dormir chateado por descobrir que as pessoas que ele achava super inteligentes, não eram tão 'sábidas' como ele pensava...

(Allan Wagner, 12:02 - 12:36, 28/12/2010)

Na Cabeça.

Está cansado de apanhar,
cansado de tanto levar na cabeça.
Quando foi a última vez que você se fez bem?
Quando foi a última vez que ela te fez bem?

Continua se martirizando por quem não vale!
Se afogando na agonia de querer estar com ela.
Atropelando pensamentos sem nenhum sentido,
desarmando, continuando, relembrando.

Por gentileza,
não fala mais dela pra mim,
Por favor,
esquece dela pelo menos enquanto estiver aqui...

(Allan Wagner, 15:32 - 15:48, 27/12/2010)

Demais.

É demais continuar a pensar em ti.
Era querer demais acreditar em você.
É poder demais ser bom pra pra você ver.
Era.

Não é mais.

(Allan Wagner, 26/12/2010)