terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tornando Singular.

Eu não vou parar de te agredir se continuar a me agredir,
não posso parar de sofrer se você continua querendo me ver pra baixo,
se me procura só pra me magoar,
só por não aceitar que eu estou vivendo de novo...

Quando eu já não acreditava em mais nada,
algo veio e me puxou pra fora,
obrigado, mas não precisa ficar,
pode partir, não sinto mais sua falta!

Me perdoa se agora não está sorrindo,
me perdoe se agora o vento é mais confortante que eu,
se o mar é mais calmo que todas as minhas ações,
mas estou sedendo.

Só me quero,
isso está me bastando,
e estou com alguém bem melhor,
e prefiro os braços dela aos teus.

(Allan Wagner, 00:02 - 00:15, 30/11/2010)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Covarde - Parte Um.

Era um covarde.

Todos sabiam, todos diziam. Ele sabia.

Era magro e fraco, morria de medo do que estava acontecendo, mas mesmo assim continuava a correr naquela direção.
Não sabia se o que o movia era o medo, uma súbita coragem ou uma extrema vontade de saber se ela ainda estava realmente viva.
Ouviu ela implorar por ajuda, dizia que não podiam abandoná-la, ela dizia... que queria viver... Conhecia a voz dela, sabia quem era ela, sempre soube e talvez fosse a última vez que a ouvia se não fizesse nada.
Chegou no local e viu os malditos, sedentos de sangue, caminhavam aleatoriamente pelo rua, mas estavam sendo guiados pelos pedidos desesperados dela...

'Por favor! Alguém... Me ajude... Eu não... Não quero morrer...'

Suas pernas estavam bambas com a visão dos mortos. Dezenas deles andavam na rua estreita, mesmo que chegasse até ela, como sairiam dali? E pra onde iriam? Como sobreviveriam? Pediu uma hora ao grupo que acompanhava, quis ir sozinho, queria fazer aquilo só... Achava que era o mais fraco do grupo, podiam abandoná-lo se desejassem, mas não iria deixar que algo acontecesse com ela...

Virou o boné e arrancou um cano de ferro que estava numa parede - obviamente com um pouco de dificuldade - e levantou as mangas da camiseta. Correu na direção dos mortos e atingiu o primeiro bem na nuca. O sangue espirrou como se fosse um vazamento na parede.

Atingiu mais sete ou oito assim, e continuou a seguir os gritos.

'Alguém... Por favor! Não, não nãããaaaahhh...'

Seu coração parou naquela hora, a voz gritava incessantemente, desesperada.
Ele havia perdido a noção de perigo naquele momento, então voou pra cima de quatro mortos e os agrediu ferozmente, a raiva tomava sua mente, continuou sendo guiado pela voz dela, agora sussurros abafados.

Virou num beco e viu uma aglomeração de mortos, mais de dez, com certeza, mas os atacou como se sua vida dependesse disso - e, indiretamente, dependia.
Matou todos - novamente - e sentou-se cansado... Olhou para os lados e viu apenas um corpo feminino deformado em cima de uma porta velha. Chorou compulsivamente.

'Cheguei... tar... tarde de... demais...'

Dois mortos entraram no beco... Ele os atacou violentamente, não importava se já não reagiam aos murros, pancadas e outras agressões, queria matar a todos, queria apenas que morressem e não levantassem de novo.

O silêncio do momento o fez chorar ainda mais...

Longe ele ouvia gemidos...

Esperava ouvir alguém lhe chamar, não queria mais levantar. Parecia não haver mais motivo pra se levantar...

Parecia não haver motivos pra viver...

...

Mas a porta começou a se erguer e ele se levantou com todo ódio que tinha. Mas rapidamente a expressão dele mudou.
Era ela. Havia, de alguma maneira, jogado a porta por cima do próprio corpo enquanto os monstros devoravam outra pessoa.

'V... você me ouviu? P... por isso você v... veio?'

Ele sorriu e ela retribuiu. Abraçaram-se mas não tinham muito tempo. Da hora que ele pedira ao grupo, já haviam se passado, no mínimo, cinquenta minutos...

'Essa garota... Ela me acompanhou do hospital até aqui... Ela me empurrou pra baixo da porta, ela disse que por eu ser médica, podia ajudar quem ainda estava vivo... Ela sacrificou a vida por mim, ela salvou minha vida... E agora, você também...'

Ele sorriu para ela. Bastava para acalmá-la, mas ele não conseguia manter essa calma. Um som abafado invadiu o beco, mais mortos entravam rápido, ele a arrastou para trás da porta e ambos ficaram protegidos, mas os mortos tentavam a todo custo derrubá-los, arrancar a porta das mãos deles.
Enfiou o cano pela fresta da porta, atravessando a cabeça de um dos monstros. Mas aquela não parecia uma batalha ganha...

'Vou sentir sua falta...'

Sussurrou, e logo depois segurou a mão dela com força...

(Allan Wagner, 20:02 - 20:25, 29/11/2010)

Máscara.

Éramos um.
Nos tornávamos cada vez mais, algo maior...
Mas algo caiu no meio do tempo.
Algo sumiu na poeira de todo aquele carinho...

Éramos dois.
Nunca fomos tão diferentes...
Algo nasceu na distância.
A sua máscara de traição não caiu a tempo pra que eu soubesse da verdade...

(Allan Wagner, 13:50 - 13:57, 28/11/2010)

sábado, 27 de novembro de 2010

Só Por Maldade.

Talvez em um passado não muito distante,
diante daquela tão pouco esperada chance,
eu tenha te roubado um pouco de paz,
e tenha te roubado algum sabor...

Naquele instante,
tendo aquela chance,
talvez eu até não fosse eu,
queria te dar sabor demais...

Então eu tentei criar uma rebelião que me devolvesse a graça,
queria soltar o que podia ser pra você me ver,
para ser passível de uma fuga em massa,
pensei que assim devolveria a luz dos meus olhos!

Mas acho que te assustei,
deixei faltar gravidade com tanto querer,
você declarou o estado de calamidade,
e era iminente... O que eu temia...

Mas desde que não vá embora sentindo-se ameaçada,
não pise em cima de mim como se eu fosse invisível,
podendo levar todas as saudades e vontades,
mas preferindo deixar seu perfume impregnado em cada fração de mim...

(Allan Wagner, 22:55 - 23:01, 27/11/2010)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Verdades de Fundo de Garrafa.

Ninguém vive de amor,
ninguém se alimenta de luz,
niguém acredita em Papai Noel,
então pra que temer o desconhecido?

A morte não é o final,
nem o início de nada,
é apenas um passo após a vida,
e um passo antes da imortalidade.

(Allan Wagner, 00:01 - 00:06, 26/11/2010)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

No MEU Universo.

Ouvi dizer que acontecia algo grande,
fora do meu universo...

Então meu mundo perdeu sentido,
ficou de pernas pro ar!

Percebi que quando o via ao contrário,
ele ficava no lugar...

E agora tudo que você arremessou em mim,
tudo que expulsou de seu vulcão...

Frases de efeito já não funcionavam,
palavras bonitas não me atingiam...

Se me quer bem suma da minha frente,
se me considerou algo algum dia, desconsidere...

Se quiser voltar, será apenas um noite,
não quero seu ser puritano...

Me quero entre seus rims,
entre suas pernas...

Se desejar outras noites iguais,
poderá tê-las, mas com condições...

Nada de amor,
nenhum carinho...

Sem retribuições,
sem telefonemas...

Apenas sente-se ao meu lado,
implore e tome um drinque comigo...

(Allan Wagner, 23:47 - 23:59, 25/11/2010)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Plano de Fuga.

Depois de tanto tempo eu consegui,
Ralei e vi que eu era mais do que você merecia,
tentei cavar túneis pra me levar de volta a você,
e pensava qual o plano de fuga a prova de dor?

O Sol quadrado já não me satisfazia,
decidia por não acordar pra me manter inteiro,
preferia morrer numa cama a sair e ver o Sol,
e era assim que você me fazia bem?

A decisão foi minha,
minha decisão foi a tempo,
meu tempo foi perdido com você,
e perdi um pouco de mim quando você me esqueceu...

(Allan Wagner, 00:23 - 00:31, 24/11/2010)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Da Queda ao Esquecimento.

Cuspiu em tudo o que fomos,
decidiu de uma vez por todas as boas coisas,
fotos não serviram pra nada,
além de aumentar a fogueira que decidiu fazer.

E daí se tudo foi bom?
E daí se os momentos marcaram?
E daí se deitamos primeiros entre nós?
E daí se abandonei parte de minha vida em você?

É a parte que não me interessa,
é a parte morta,
a parte que nunca vai voltar,
e nem pretendo ter de volta...

(Allan Wagner, 21:20 - 21:44, 23/11/2010)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Luz.

Então me diz Lua.
Pra que tudo é sempre assim?
Você só me faz recordar.
Mas tem coisas que não posso mais recordar.

Se eu te perdi.
Eu ainda lembro de alguns de teus caminhos.
E de certas tardes com amigos.
Talvez algumas tardes de Domingo.

E as noites que nos aproveitamos da Lua?
Muitas vezes duvido que aconteceram mesmo.
Como tentar ignorar a Lua?
É como tentar arrancar algumas boas estrelas do céu...

(Allan Wagner, 05:43 - 05:50, 22/11/2010)

domingo, 21 de novembro de 2010

Embarcações.

É doce morrer no mar?
Quantas vezes eu morri nele?
E quantas vezes eu fui salvo?
Quantas vezes me deixei afogar?

Fui derrubado de barcos.
Empurrado de navios.
Atacado por quem amava.
Me vi isolado no meio do oceano.

Em vários momentos me agarrava a pequenas embarcações.
E elas não demoravam muito a me derrubar.
Um dia, uma semana, no máximo.
Me viam agarrado, sorriam para mim e depois me derrubavam...

Mas há seis meses fui resgatado.
Fui puxado para dentro de uma embarcação que eu conhecia.
Uma mão fez questão de me puxar.
E dois braços calorosamente me abraçaram.

Um sorriso brilhou pra mim.
Olhos cintilaram ao me ver.
Tudo aconteceu como deveria.
E lá no fundo sei que essa embarcação não quer me derrubar...

(Allan Wagner, 19:55 - 20:04, 21/11/2010)

sábado, 20 de novembro de 2010

Memorável.

Eram precisas apenas três palavras.
Era pedido apenas um movimento.
Apenas o mover de um dedo.
O puxar de um gatilho.

Era certo que era o fim.
Era afirmativo que havia algo errado.
Tantas pessoas 'morrendo'.
E tantas pessoas voltando da morte.

Tantas delas levando outras para essa 'morte'.
E outras tantas retornando.
Era um ciclo vicioso.
Era um círculo infinito.

Era um momento maldito.
Um hóspede indesejado.
Talvez uma ameaça biológica.
Uma colina silenciosa.

Nosso mundo já não exisitia.
O mundo que criamos pra nós também não.
Ele rachava enquanto te via sofrer com a 'febre'.
Eu via ele afundar enquanto você me implorava...

'Agora me mate.'

Três palavras e nenhuma ação.
Um movimento bastava.
Poderíamos ter encerrado tudo naquela hora.
Poderíamos ter posto um ponto final.

Mas não.
Decidi pela piedade.
Por nosso amor.
Um amor que foi esquecido depois da 'febre'.

E agora você está sobre mim.
Não como em tantas noites.
Não pelo prazer de estar comigo.
Mas querendo me arrancar a pele...

(Allan Wagner, 00:23 - 00:48, 20/11/2010)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Algo.

Eu posso não estar no momento certo.
Posso não ser a pessoa certa.
Eu posso estar fazendo tudo terivelmente errado.
Mas tem coisas que eu preciso falar.

Tem coisas que precisam ser faladas.
Acho que tem algo acontecendo aqui.
Acho que há algo entre nós.

Talvez eu te precise mais que tudo na vida.
Talvez eu te precise mais que tudo na minha vida.
Talvez eu precise de você em tudo na minha vida.

Talvez eu te sinta mais que tudo na vida.
Talvez eu sinta mais tua falta que tudo na vida.
Quem sabe eu até te ame mais que tudo na vida.

(Allan Wagner, 20:35 - 20:41, 19/11/2010)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Basta!

Chega de tanta ilusão!
Encerrem esses preconceitos!
Acabem com a raiva,
honrem com suas palavras!

O que falta lhes dar?
O que lhes falta receber?
Precisam vender até suas almas?
Precisam de tanta ignorância?

Pra que a crença no ódio?
O motivo do tédio?
Pra que a gula?
De onde vem a avareza?

Não precisamos de crenças infundadas,
não necessitamos de deuses impiedosos,
nem de amizades faliveis.
Precisamos apenas de nós.

Basta.
Chega.
Encerrem.
Isso é o que precisamos.

(Allan Wagner, 06:09 - 06:15, 18/11/2010)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Novidades no Mundo Digital.

Eu te bloqueio,
Tu me exclui,
Eles riem de toda a situação,
Nós não nos falamos mais,
Vós sois uma vaca,
Eles que vão catar coquinho!

(Allan Wagner, 20:55 - 20:57, 17/11/2010)

100 Dias.

Foi um longo período de espera...

Aguardava por sua chegada há algumas horas, mas parecia que o tempo não passava. Todas aquelas pessoas no porto aguardavam seus entes queridos, ele também. Faziam três meses e alguns dias, na verdade, naquela terça-feira faziam exatamente cem dias que os dois haviam se separado.

Olhava para o horizonte torcendo que a embarcação desse algum sinal, queria ver, mesmo que apenas um pequenino ponto negro.
Puxou a carteira de cigarros e arrumou o paletó cinza e o chapéu, puxou a gravata vinho um pouco pra baixo e tamborilou os dedos sobre o pacote. Olhou fixamente para a carteira, não fumava há exatos cem dias, e agora, loga agora, estava com uma vontade terrível de fumar... esperou que não ouvesse ninguém olhando e então puxou um dos cigarros e acendeu-o, olhou, ameaçou por na boca, mas apagou na madeira úmida do corrimão depois o jogou fora, junto com toda a carteira e também o isqueiro.

Começou a andar impacientemente de um lado para o outro, sentiu esbarrar com duas ou três pessoas, mas provavelmente todas estavam tão ansiosas como ele.

Na entrada do porto, seu amigo Giuseppe o aguardava sentado num Mustang 2010 preto. O carro era perfeito. Escondia sob o capô quase quinhentos cavalos de potência - alcançava de zero a cem quilômetros em pouco mais de três segundos - e o negro da lataria refletia perfeitamente o Sol, as rodas aro 19 tinha um desenho magnífico e os vidros eram revestido com fumê. Ele era apaixonado por aquele carro, mas no momento o veículo mais lhe parecia um fusquinha velho diante da espera.

Olhou para uma família sentada próxima a ele.

Duas crianças saudáveis corriam e volta do banco, uma menina e um menino, provavelmente gêmeos, seus rostos eram idênticos, a pele era bem branca e as bochechas rosadas. Os cabelos eram cor de mel, os da menina amarrados em duas tranças e o do garotinho no estilo de 'cuia'. Eram crianças lindas. Seus pais também. O senhor que aparentava ser o pai parecia ter seus quarenta, quarenta e cinco anos, sorria enquanto estava sentado olhando para os filhos ativos, seus cabelos - já um pouco ralos - eram cor de mel, como o dos filhos. Tinha um nariz protuberante, não herdado por ele, mas magníficos olhos verdes que os passara. Estava nervoso, tamborilava os dedos nos cantos do banco rapidamente. O homem olhou para ele e rapidamente abriu um largo sorriso amistoso.

A senhora, a mãe, tinha um rosto belo, também aparentava seus quarenta anos. Os cabelos bem negros e lisos, a boca bem torneada e carnuda e o pequeno nariz que fornecera aos filhos. Lia uma revista qualquer, provavelmente para que o tempo passasse mais rápido...

Seus rostos lhe eram familiares, mas não sabia o motivo, olhou o horizonte fixamente, e, em cinco minutos, viu a embarcação se aproximando rapidamente. Abriu um largo sorriso.

Em menos de dez minutos o imenso barco atracara no porto e em meia hora as pessoas desciam animadas, e os que as esperavam estavam ainda mais animadas.

Procurou por ela, andava entre o povo e não a encontrara, num impulso, talvez um sexto sentido olhou para a família que estava a pouco observando... e lá estava ela.

Os cabelos cor de mel longos e lisos, a pele branca, a boca protuberante e os olhos verdes. Então era isso, sabia de onde conhecia aquela família, mesmo que nunca os tivesse encontrado, sabia o motivo de conhecê-los. Ela o viu e se aproximou rápido com um sorriso lindo. O beijou e olhou bem fundo nos olhos dele, aquilo já traduzia tudo o que sentia.

- Vem amor, quero te apresentar minha família! - e ela o puxou pelo braço carinhosamente.

O resto da tarde foi como qualquer outra.

Todas as pessoas que no porto estavam saíram e foram para suas casas, foram jantar, comemorar, agradecer pelo retorno daqueles que amavam, mas o que aconteceu com o dono do Mustang 2010 não interessa muito no momento, só interessa saber que ele a encontrou, e aquilo lhe bastava pelas próximas duas vidas que teria pela frente...

(Allan Wagner, 15:32 - 15:55, 16/11/2010)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Morda.

Ivan torceu o braço dele com toda força que tinha.

Era necessário segurá-lo para que pudesse fugir, procurou algo para amarrá-lo, mas não achava, não sabia que era tão forte, era uma criança bem pequena, mas forte! O pequeno garoto tinha a pele cinzenta e babava como um cão, tentou mordé-lo assim que passou por aquela rua.

As pessoas que passavam olhavam assustadas, pensavam que era uma briga de rua 'normal', mas havia algo estranho. Dois policiais se aproximaram.

- O que está havendo aqui? Solte esse garoto!

- Tá maluco seu guarda? Ele tentou me morder! Está com algum problema! Será que o senhor pode me ajudar?

Mas era tarde, o garoto se desvencilhou e pulou no pescoço do policial que estava mais próximo, arrancando um pedaço particularmente grande de carne. O sangue jorrava como se saísse d'uma fonte.

- Que maldição é essa? - o segundo policial puxou a arma e disparou duas vezes contra o garoto que se levantou com dois buracos de bala no peito - Que merda é essa?

- Eu avisei! Esse menino tentou me morder assim que passei perto desse beco!

A criança aproximou-se dos restos do primeiro policial e começou a morder o peito do corpo, que logo estava perfurado e com as vísceras a mostra. O policial deu mais dois tiros no garoto que levantou-se agressivamente.

BAM!

Ele achou uma barra de fero no beco e estourou a cabeça do garoto. O sangue escorria na rua como água.

- O que foi aquilo? - peguntou o policial.

- O senhor pergunta pra mim?

Mas o policial que fora atacado agora estava de pé, estava perdido, procurando algo, então alguém - que desde o início acompanhava a cena - o viu levantar-se. O corpo ambulante então moveu-se para a origem do som numa velocidade assustadora.

BAM!

E um tiro atravessou sua cabeça.

- Ok, seja o que for, parece um filme ou video game! - disse o policial que sobrevivera.

- Também acho, o que faremos agora? - Ivan perguntou.

- Você eu não sei rapaz, mas eu vou pedir reforços e avisar a todas as patrulhas possíveis caso haja mais ataques desses...

Então o policial seguiu até o carro de sua patrulha acompanhado por Ivan. Mas o jovem o cutucou antes mesmo que pudesse entrar no carro, uma onda de pessoas agiam iguais ao garoto e atacavam os pedestres e tentavam invadir veículos e lojas.

Era o início de um massacre.

(Allan Wagner, 20:12 - 20:25, 15/11/2010)

domingo, 14 de novembro de 2010

Haikai (Terceira Parte)

O uivo corta o ar gélido
o sangue corre nas veias
a neve petrifica os ossos.

--

A montanha não se curva
O mar não esquece
as noites se arrastam.

--

A pele e o pêssego
os olhos e as castanhas
os lábios e o morango.

(Allan Wagner, 02:01 - 02: 07, 14/11/2010)

Mate um NORDESTINO você também!

Quantas vezes já não ouvimos falar que, de acordo com o povinho sem cultura do Sul, 'NORDESTINO NÃO PRESTA'?

O último caso é o do estudante de DIREITO - grandes advogados teremos hein? - que manda cada um afogar um nordestino que assim o mundo ficaria melhor?

Eu andei pensando no que ele falou, li algumas coisas de pessoas na internet e percebi que ele está realmente certo, afinal, como disse José Barbosa Junior, o povo de lá tem muito a nos oferecer - além de ser o povo branco mais elitizado e civilizado obviamente.

De acordo com ele, devemos muito ao povo do Sul, devemos a ele o trabalho infantil, Kelly Key, Latino e sua festa no Apê, o funk carioca, a bela e carinhosa expressão 'cachorra' a qual devemos dar a nossas mulheres e filhas (afinal são todas cachorras e não devemos nenhum respeito a elas), o pagode 'gostoso' e o 'dia de princesa' do Netinho de Paula... Eles não gostam de nossas músicas afinal, não vivem dançando NOSSO forró ou ficam cantarolando músicas de Elba, Alceu, acho que eles juram que NOSSOS compositores, são de lá...

Mas tenho algumas opiniões, acho que meu colega José Barbosa Junior não lembrou das partes mais importante, o verdadeiro motivo para eles falarem de boca cheia que NORDESTINO NÃO PRESTA!

Ao contrário de lá, temos SIM nossos problemas de polícia e segurança, mas nós não estamos sempre em guerra com nossa polícia (ou seria milícia?), derrubando helicópteros, entrando em guerra com quem deveria nos ajudar. Não vendemos drogas na porta de nossas pré-escolas, mas ultimamente influenciados pelos sulistas, alguns bandidos (bandidos não, vendedores não autorizados) vem fazendo isso em nossas escolas de ensino médio. Mas devemos começar essa guerra! Vamos todos começar a comprar pistolas e fuzis, vamos ensinar nossas crianças a fumar com 2 anos de idade e a atirar com 3! Vamos mostrar a elas que os caras ruins são aqueles que não nos deixam matar, estuprar ou roubar!

Não vivemos abusando de nossas crianças ou estuprando nossas adolescentes, mas devemos, aproveitamos e tiramos fotos, gravamos vídeos e postamos na internet para que o mundo veja o quanto somos civilizados! Afinal, devemos fazer isso com elas sim, não importa a idade, o SEXO é vida!

Devemos também matar todos os negros, discriminar nossos MELHORES amigos por causa da cor, jogá-los em favelas aos montes e, se possível, tocar fogo neles enquanto estão dormindo, ou nos índios, ou em senhoras, você decide! É muito divertido vê-los brilhar com o fogo.

Precisamos malhar mais e tomar os anabolizantes de cavalo mais caros para poder brigar mais e por mais tempo com qualquer pai de família que apareça em uma boate para se divertir com os amigos, estuprar sua esposa quando ele for ao chão e forçar as garotas a transar conosco.

Já os mais velhos, lá pros 40, 50, precisam ir ao nordeste para tentar pegar algumas menininhas - menores de 15 obviamente - para ver se ainda dão no couro!

E, é claro, não podemos esquecer da mais nova CELEBRIDADE DO BRASIL! Não, MUNDIAL! Ele que é REAL e faz com que pessoas SENSATAS E INTELIGENTES o sigam, gastando seu dinheiro e suas vidas, ELE que quer que BUSQUEMOS CONHECIMENTO! SIM, O ET BILU! Todos deveríamos nos mudar pro fim de mundo no Sul pra ouvir as sábias palavras de BILU! A maior celebridade, o maior sábio de todos os tempos!

Nós temos muito o que aprender com o povo do Sul! Precisamos seguir seus conselhos, precisamos agir mais como eles, assim o Brasil vai pra frente!

Ah! Mas eu acabei esquecendo, eu sou NORDESTINO, e como bom nordestino, preciso morrer afogado! Então eu vou ali me afogar e volto já, quem sabe assim o nosso país se torne um lugar melhor?

(Allan Wagner, 22:01 - 22: 35, 13/11/2010)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Crença dos Assassinos.

Não era fácil admitir aquela traição.

Levaram de mim o mais importante.

Meu pai, homem de caráter e sempre honesto, estava acima de qualquer suspeita, tinha seu segredo, mas era algo só seu, algo que nossa família pouco sabia. Mas era um homem íntegro... era meu herói.

Meu irmão mais velho, meu melhor amigo, meu maior aliado, meu parceiro, meus olhos quando não podia ver, meu tato quando não podia tocar, meu outro eu.

Meu irmão mais novo... como puderam tirá-lo de mim, de minha mãe e irmã? Ele era frágil, vivia doente, não podia fazer maldades nem contra uma mosca! Me pedia para pegar penas de pombos e outras aves nos telhados de Florenza... E o levaram...

Foram enforcados na minha frente, todos acusados de traição, acusaram meu pai de bater de frente contra os banqueiros, nobres, soldados... e acusaram meus irmãos de auxiliarem ele. Malditos sejam...

Eu?

Eu busco vingança.

Eu ando nas sombras, eu guardo o que ainda há de bom em mim. Prezo por minha honra como ensinou meu pai e nunca desfaço minhas promessas. Pago minhas dívidas com meu sangue se necessário.

Quem sou eu?

Meu nome é Ezio Auditore da Firenze.

E eu, sou um Assassino.

(Allan Wagner, 02:01 - 02:19, 12/11/2010)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Minha Paz.

Depois de todas as saudades,
das noites em claro no trabalho,
das noites vazias em casa,
dos dias solitários na minha sala,
das tardes cheias na Universidade,
chega o fim-de-semana...

E nele encontro algo maior,
encontro uma paz,
ela que me completa,
ela me faz sentir,
ela que me faz seguir,
ela me inspira,
ela me faz,
e o que ela me faz dia após dia,
é querer mais e mais viver a minha vida...

(Allan Wagner, 11/11/2010, 17:53 - 17:58)

Haikai (Segunda Parte)

O punho amarga a derrota
O derrota acaricia a dor
A dor sorri alegre.

(...)

O andarilho carrega suas flores
Uma senhora sorri para a criança
Algo se esconde no matagal.

(...)

Lhe devoram as entranhas
Arrancam sua vitalidade
Os lobos fojem alimentados.

(Allan Wagner, 10/11/2010, 01:53 - 02:01)

Haikai (Primeira Parte)

Flores dançam solenemente
O vento as acaricia
Falta água para viver.

(...)

A montanha ergue-se
As sombras atacam
Apenas a luz sairá vencedora.

(...)

Nos bastidores do amor
O ódio se alimenta
A inveja se arrasta.

(Allan Wagner, 09/11/2010, 18:12 - 18:20)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Louco.

Aquele nosso amor,
só tem um jeito manso,
e que me deixa louco,
quando me beija boca...

Só tem um jeito manso,
a pele arrepiada,
quando me beija boca...
beija com calma, fundo...

A pele arrepiada,
Minha alma se sente,
beija com calma, fundo...
Somente o meu amor...

(Allan Wagner, PANTUM baseado na música O MEU AMOR de Chico Buarque, 21:09, 08/11/2010)

Nossa Sorte.

Já perdemos a noção,
juntos jogamos fora,
conta como hei de ir,
ao te ver, me fiz sonhar...

Juntos jogamos fora,
eu só rompi o mundo,
ao te ver, me fiz sonhar...
pra onde que posso ir...?

Eu só rompi o mundo,
e nas noites eternas,
pra onde que posso ir...?
confundimos as pernas...

E nas noites eternas,
com que pernas vou seguir,
confundimos as pernas...
Nós estamos pelo chão...

(Allan Wagner, PANTUM baseado na música EU TE AMO de Chico Buarque, 22:19, 07/11/2010)

sábado, 6 de novembro de 2010

Cansaço...

Há dias em que dormir é o melhor remédio,
dias que a melhor cura está em fechar os olhos,
descansar o corpo e esquecer as horas...
Hoje é um desses dias...
Na qual vou descansar minha cabeça sobre um travesseiro,
e deixar que as horas passem...
Apenas que passem...

(Allan Wagner, 06:28 - 06:33, 06/11/2010)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Trabalho de Dramaturgia – Pantum – Que Sofra.

Hoje preciso me libertar,
hoje vou te machucar,
da maneira mais sincera,
e da maneira mais dolorosa que eu sei...

Hoje vou te machucar,
dizer que tua falta vem me matando,
e da maneira mais dolorosa que eu sei,
quero que a dor que sinto te consuma.

Dizer que tua falta vem me matando,
é algo inexplicável,
quero que a dor que sinto te consuma!
Quero que sofra e seja infeliz!

É algo inexplicável,
mas em todo esse tempo que ficamos juntos,
quero que sofra e seja infeliz...
Do fundo do meu coração não cicatrizado...

Mas em todo esse tempo que ficamos juntos,
nada valeu a pena, nada fez a diferença!
Do fundo do meu coração não cicatrizado,
desejo sua infelicidade.

Nada valeu a pena, nada fez a diferença!
Você não podia ter sido minha primeira noite,
desejo sua infelicidade,
pois só assim eu vá conseguir me libertar...

Você não podia ter sido minha primeira noite,
seu corpo não pode ser meu,
pois só assim eu vá conseguir me libertar...
Tenho mil motivos pra abusar dessa sinceridade...

Seu corpo não pode ser meu,
não posso te desejar, te querer, te amar!
Tenho mil motivos pra abusar dessa sinceridade...
Estou te machucando, mas não quero isso.

Não posso te desejar, te querer, te amar!
Preciso te desprezar, te ignorar, fingir que não existe!
Estou te machucando, mas não quero isso.
Pois lá no fundo tem mais que isso.

Preciso te desprezar, te ignorar, fingir que não existe!
Não queria abandonar tudo o que fomos.
Pois lá no fundo tem mais que isso.
Eu ainda te quero?

Não queria abandonar tudo o que fomos.
E você precisava abandonar...
Eu ainda te quero?
Talvez...

(Allan Wagner, 22:21 - 22:37, 05/11/2010)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Lua Plena.

Onde viverão meus medos?
E os medos de meus medos?
Talvez na parte mais escura da Lua?
Ou aqui?

A Lua está Cheia lá no alto,
escondendo o outro lado de sua face,
guardando consigo segredos que ouve todas as noites,
escondendo os medos dos mais temerosos.

A Lua é plena,
é pura e indivisível,
te faz descansar em paz,
te consome...

(Allan Wagner, 05:30 - 05:35, 04/11/2010)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mortífero.

No final só haverá Caos!
Pela vingança existirá esperança!
Por sangue teremos fé!
Por sua queda acreditaremos!

Me foi entregue o poder,
me foi dada a falsa imortalidade,
me foi subjugada a verdade,
me foi levada a paz.

Por minhas mãos,
sangue de meu sangue escorreu,
pelo maldito desejo,
gritando em mim o desespero teu...

Quantos terei que derrubar,
de vocês, quem deverei julgar?
Quantos condenarei,
Apenas com o olhar?

Do céu arranquei o Sol!
Do amor desposei a pureza!
Da morte arranquei os olhos!
E do mais forte, mostrei sua fraqueza!

Busquei a calmaria em pesadelos,
entreguei a vida ao desespero,
eliminei bons e maus,
Vivi vendo e revendo o Caos.

(Allan Wagner, 20:55 - 21:02, 03/11/2010)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Criando...

Não é fácil fazer poesia,
não consigo seguir a linha,
não dá pra acertar o compasso,
nem pra aceitar o marasmo,

Se torna entediante toda produção,
em meio a tanta gente,
no meio de tanto texto bom,
me vejo seguindo em outra direção,

Não pretendo ser famoso,
nem mostrar meu nariz empinado,
não achem que estou sendo manhoso,
só mantenho meu gosto refinado...

(Allan Wagner, 02:02 - 02:08, 02/11/2010)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Linha.

Segui a linha e mantive meus pensamentos no lugar certo,
Meu corpo e minha mente, minha vida estava do jeito que todos queriam.
Foi aí que perdi tudo!

Fiz o que todos queriam que eu fosse.

Queriam o rapaz forte e bonito?
Ali estava eu, forte, bonito e com problemas em meu relacionamento.

Queriam o rapaz inteligente?
Eu estudava e fazia meu curso superior, que não queria fazer, contrariando minha vontade de seguir um sonho.

Queriam o rapaz rico?
Eu trabalhava, eu me dava, e mesmo assim era o vagabundo.

Então eu acordei.
Do que valem suas opiniões?
Do que vale um corpo na moda? Se o que mais amo está indo embora?
Do que vale essa inteligência? Se não a uso para o meu bem?
Do que vale todo esse maldito dinheiro? Se pra vocês, nunca é o bastante?

Acordei, e decidi ser o que era de verdade.
Nessa hora, quem me aceitava do jeito que eu era ficou e quem não queria alguém que fosse verdadeiro se voltou.

O mais cômico, o mais hilário, é saber que da minha família, uma ou duas pessoas foi o que sobrou.
E de todos os amigos, novos e antigos, nenhum deles se rebelou.

(Allan Wagner, 20:42 - 21:00, 01/11/2010)

Os Corpos do Dia das Bruxas.

De prosa em prosa,
passo após passo,
decidi fazer nada.
Mas foi bom esconder as escadas.

Ouvindo aqueles gemidos roucos,
prestando atenção nos gritos silenciosos,
sentindo o cheiro de algo podre,
pela janela eu via os corpos...

As luzes são seu chamariz,
seus olhos cegos parecem sentir,
sua audição continua atenta,
e as pernas mal se aguentam...

Perdi um, dois ou três amigos,
perdi cinco, seis ou sete familiares,
mas não houve dor maior,
quando vi você caminhar entre eles...

Sem rumo nem prumo,
sem vontade ou desejo,
apenas divagando, caminhando,
e do outro lado da janela estava eu, me martirizando...

Carregando meu poderoso rifle,
queria lhe dar libertação,
apontando para sua cabeça,
e recitava uma oração.

Nunca Nele acreditei,
e com certeza essa não era a hora,
pois ele amaldiçoou o mundo,
e nos deixou do lado de fora.

mas eu pedia por sua paz,
relembrava o seu amor,
revia seu corpo quente,
entregue a mim com ardor.

Ali terminava nossa relação,
nossos anos de convivência e adoração,
então esse era o fim,
entre o você e eu, pensei em mim.

BAM!

(Allan Wagner, 17:53 - 18:12, 31/10/2010)

Indecisamente Medianas Mentais.

Queria saber desejar uma Boa Noite de maneira menos tradicional, mas ao mesmo tempo que quero isso não consigo imaginar nada mais criativo do que os apresentadores de Telejornal... então bom fim de tarde e apaguem o Sol por favor pois estou com sono.
Minha mente decidiu funcionar nos últimos dias, decidiu pensar fora de mim e me trazer montes de opiniões frescas e novinhas... ela decidiu decidir sem mim ultimamente.
Sempre que estou indo para a universidade consigo pensar exatamente na coisa mais difícil de todas - e não, não é matemática ou afins -, consigo pensar em nada... enquanto, na verdade, minha consciência junto com minha mente apenas decidem dar uma voltinha durante a viagem. Sempre que entro naquele ônibus minha cabeça esvazia e sempre volta com questões deveras intrigantes... mas essas não valem tanto a penas serem lembradas.
Sei que sou um estudante de arte no Brasil, sei o quanto somos desvalorizados e tudo mais, mas não importa quantas vezes se repita, sempre tem alguém falando algo como 'Nossa, artes? Você é a primeira pessoa que conheço que faz isso' ou 'Você deve ser bem inteligente, sei que a média de artes é bem alta' ou 'Artes? Você com certeza vai ganhar bem' ou o mais famoso 'Você deve ser talentoso, é um dom não é?' ou coisas assim.
Pra falar a verdade, está tão raro ouvir alguém falando negativamente sobre a profissão de arte-educador/artista plástico ultimamente que chego a ficar assustado...
Minha mente sempre volta com o questionamento do 'por onde começar' em relação a universidade e a minha produção artística. Por exemplo, eu vou escrever esse pequeno texto e no final não vou lembrar muito bem do que disse... vai ser tudo culpa da minha mente, que decidiu dar uma voltinha com meu juízo e voltou me lembrando dessas coisas...

(Allan Wagner, 19:40 - 19:55, 30/10/2010)