quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

25.

Natal, Natal, só dá pra ficar triste quando chega o Natal...

(Allan Wagner, 25/12/2010)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Eu ODEIO o Natal.

Papai Noel entrou na sua primeira residência na note de Natal, mas algo estava errado.

Ao entrar pela chaminé, encontrou cacos de vidro por todo chão, muito sangue e a árvore de natal estava no chão, aos pedaços. No fundo da sala, sob uma luz fraca havia uma menininha, gemendo e mastigando algo, ao se aproximar, viu que ela puxava ferozmente a carne da jugular de um senhor, provavelmente seu pai.

- Oh Deus! - e saiu rápido pela chaminé.

Montou no trenó e seguiu rápido para a próxima casa, num único salto pulou pra dentro da chaminé, no momento não se importava que descobrissem seu segredo, precisava salvar o homem.

- Alguém! Tem alguém em casa?

Sua voz estava desesperada. Ouviu passos nas escadas e passos atrás dele. Ouviu um gemido assombroso.

- O que?

Estava cercado por dois adultos e uma menina, todos tinham pedaços de seus rostos arrancados, alguns de seus membros estavam pendurados ou não os tinham.

- O que está havendo?!?!

Então os três pularam sobre seu farto corpo, ele tentou se desvencilhar a todo custo, levou uma mordida no calcanhar e chutou a garotinha que bateu na parede. Os dois adultos ainda tentavam acertá-lo, num soco ele arremessou os dois pra longe e desesperado correu pra chaminé.

BAM!

Alguém havia entrado na sala e atirado contra o velhinho. Os três mortos pularam sobre seu corpo e começaram a despedaçá-lo como se fosse feito de manteiga. O sangue era espirrado contra as paredes e na porta da sala havia um homem. Era baixo, pardo, cabelos negros curtos, despenteados e o cavanhaque mal feito.Trajava apenas uma camisa branca, jeans e tênis. Apontava uma Magnum 45 mm para a sala. Ainda carregava com ele uma calibre 12 e outras 2 armas.

- Eu odeio o Natal.

E saiu deixando com que os mortos devorassem os restos do bom velhinho.

Esse homem, era eu.

(Allan Wagner, 20:01 - 20:15, 24/12/2010)

Entrando na Casa Errada no Natal...



A grande tristeza não é ficar sem o Papai Noel, é saber que ele na verdade nunca existiu!

(Allan Wagner, 00:08 - 01:25, 23/12/2010)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O castigo do Papai Noel...

Me perguntaram o que aconteceria se o Papai Noel entrasse numa casa infestada por zumbis...

E então Papai Noel entrou em outra casa para deixar presentes, mas ele não sabia que o mundo estava tomado por um vírus que transformara todos em zumbis... Então ele recebeu o castigo que merecia por entrar nas casas sem permissão, sem ser convidado...

(Allan Wagner, 22:01 - 22:07, 22/12/2010)

A Falta.

Pegou meu tempo e guardou ele em seus bolsos,
me jogou nos teus cabelos e fez com que me perdesse,
foi embora por precisar descobrir o que precisava de verdade,
mas eu só queria que você nem precisasse ir.

Eu imaginei que você cairia em pesadelos,
e neles eu poderia te consertar se quisesse,
eu poderia salvar você se precisasse,
eu te teria de volta.

Então vá, sinta-se livre,
vá ver tudo o que você precisa ver,
e quando achar tudo o que precisar,
e achar você novamente...

Então volte pra mim.

Pois no final, eu ainda sinto a tua falta.

(Allan Wagner, 21/12/2010, 20:01 - 20:08)

A Chave.

Apenas viu o que precisava ver,
só ouviu as coisas do seu jeito,
viveu se consumindo,
você congelou em algum lugar do passado.

Talvez se você não quisesse salvar o mundo o tempo todo,
se você não quisesse ser o que não podia pro momento,
talvez se me desse mais atenção eu te daria o mesmo,
então seríamos a chave.

Se não tivesse medo de mim,
não houvesse o medo de se entregar,
não aparecesse teu passado recente,
seríamos a chave.

Você me fez pensar que estava errado todo o tempo.
Me fez acreditar que eu não estava quando você precisava.
Mas você começou a desaparecer pra mim,
por isso eu comecei a faltar pra você.

E fechamos todas as portas e janelas entre nós.

Mas eu ainda sinto,
eu ainda lamento,
ainda acredito,
que você ainda é a minha chave.

(Allan Wagner, 20/12/2010, 09:11 - 09:23)

Luas de Mel.

São poços fundos e vazios que vi ao chegar,
e todas as nossas pequenas coisas estão dentro deles,
me sinto um advogado desejando achar um fundo pra todos,
agora me sinto vazio e sozinho.

Eu e você.
Tristes como devemos estar.
Aqui terminam nossas Luas de Mel.
Quando acordarmos um próximo ao outro.

Você teimando em acreditar que ninguém falhou,
eu querendo mostrar que erramos sim,
você querendo sair por cima,
eu querendo te provar que você estava errada.

Então o melhor é sair pela porta enquanto você não vê,
assim você acredita que está fazendo o certo,
e eu querendo que nós tenhamos uma nova chance,
saia por cima, eu vou curtir um pouco a solidão.

Relembrando e pondo fim as nossas Luas de Mel.

(Allan Wagner, 12:35 - 12:49, 19/12/2010)

Bem.

E você está bem?
Preciso saber se tudo vai bem.
Se souber que está bem, estarei bem.
Não serei esquecido.
Não serei jogado.
Não terei más lembranças.
Mas apenas me diga.
Você está bem?

(Allan Wagner, 06:12 - 06:18, 18/12/2010)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dia Frio de Verão.

Era cedo.
Bem mais cedo do que eu queria.
Estávamos em pleno verão,
então você congelou meus planos.

Mandou uma brisa fria,
uma brisa solitária digna de um inverno letal.
Nossos tesouros foram enterrado bem fundo,
numa praia que ninguém conhecia.

Meu coração continuou pulsando,
devagar e sempre...
Mas decidi que naquele verão,
que você era caso perdido, peixe pequeno...

Então decidi que era o último dia do meu verão contigo.
Era a última vez que eu aproveitaria aquele Sol.
A última chance pr'aquelas areias.
Era mais um dia frio de Verão...

(Allan Wagner, 00:13 - 00:25, 17/12/2010)

Último Round.

Levante-se.
Não vou te deixar cair no primeiro round.
Quantos mais temos para aprender?
Levante-se!

Você primeiro pede um novo round.
E agora sai fingindo que nada aconteceu?
Você está atrasada pra seu sofrimento.
Saia daqui, lá fora você fica bem melhor.

Sofrendo.

(Allan Wagner, 12:33 - 12:37, 16/12/2010)

Viver Bem.

Estive acima de umas nuvens esta noite,
ohei algumas pessoas que não se mereciam,
também vi muita gente errando o básico.

Tocavam seus violões como se fossem mágicos,
mas eram comuns nada além disso...
Os via perdendo tempo.

Algumas vezes pensei tê-los visto olhando pra mim,
depois olhavam fico pro chão,
e eu ficava confuso o rumo daquilo.

E no final uma menininha olhou pela janela,
e apenas sorriu pra esse completo estranho.
Então eu cantei como nunca antes.

Naquela noite eu aprendi a voar.
Naquela noite aprendi que todo mundo é diferente.
E achei um motivo pra viver bem.

(Allan Wagner, 22:13 - 22:19, 15/12/2010)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Reflita um Pouco Enquanto Estiver Presa em Seu Paraíso...

E agora você caiu.
Agora você está só.
Nesse momento você não tem um apoio.
E acha que pode ignorar minha presença.

Age como se nada ocorresse.
Pensa que eu vou voltar correndo como um cãozinho.
Finge que não é assim.
Mas por mais que eu não te conheça, eu sei tudo sobre você.

Você espera que alguém volte pra te fazer bem.
Quer que alguém atravesse aquela porta pra te encher de carinhos.
Deseja que alguém bata na sua janela procurando ver você sorrindo.
Almeja alguém pra limpar suas lágrimas quando estiver chorando só no quarto.

Mas esses são outros tempos.
São tempos em que eu não vou voltar pra te beijar.
Nem tempos em que posso te aquecer nos meus braços.
Muito menos chegar no final da tarde e passar a noite levantando teu ânimo por você estar triste.

É hora de sofrer um pouco.
Hora de perder também.
Minuto de reflexão.
Segundo de perda.

Rever tudo como eu fiz quando você me levou tudo.
Seguir em frente como eu penei pra seguir quando você derrubou todas as pontes.
Pois se o destino quiser que algo aconteça, ele o fará.
mas, do fundo do coração, eu espero que não...

(Allan Wagner, 23:30 - 23:45, 14/12/2010)

Notícias.

Não acredito nas notícias que li esta noite.
Foram tão cataclísmicas que me fizeram bem.
Uma lágrima quase deixei cair.
Como nos domingos que deixei pra trás.

Não mais.
Eu acreditaria se tivesse força pra isso.
Não mais.
Eu até tentaria, se não estivesse tão bem.
Não mais.
Eu voltaria, se você não tivesse derrubado tanto do meu sangue.
Nunca mais.
É nesta noite que além de ter perdido tudo, você me perdeu também.

(Allan Wagner, 13:23 - 13:32, 13/12/2010)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pequena Beatriz.

Então ela me esqueceu,
nem lembrou de meu rosto,
não lembrou do meu sorriso,
nem que eu já me passei de pai pra ela.

Então assim que vai ser,
então que seja melhor assim,
que ela não lembre,
que ela nem sinta minha falta.

Pois o que ela já deixou em mim nos dois anos que estive lá bastam.
Pois dos pequenos olhos curiosos e dos sorrisos divertidos,
das brincadeiras com bonecos de pano e com as bonecas,
não sobrou nada.

Me sobraram pequenas dores,
tão pequenas que agem como agulhas no coração,
tão fortes que parecem uma tourada espanhola,
tão intensas que são o suficiente pra me derrubar...

A culpa foi minha por não cuidar dessa pequena princesa.
Agora ela já não me vê com admiração.
Nem sorri com minha presença.
Nem sente saudades.

Hoje percebi que matei uma pequena grande parte de mim.

(Allan Wagner, 17:28 - 17:49, 12/12/2010)

Candura.

Eu sei que ele.
Sim ele ali.
Me pediu um favor.
Me pediu um carinho pra matar as saudades.

Mas eu, sem vocação ao carinho.
Morta no quesito bem querer.
Esquecida pelo criador do amor.
Abandonada pelo bem estar...

Como dar carinho?
É tão mais fácil me pedir o que não posso ter?
É mais fácil me pedir o que não posso fazer?
Melhor me impedir de dar aquilo que posso ter...

(Allan Wagner, 09:32 - 09:38, 11/12/2010)

Procura-se.

Você não estará errada em me procurar.
Mas não estará certa o suficiente pra fazer o que irá fazer.
Não vou te obrigar a nada.
Eu apenas sei que você quer muito isso.

Fique a vontade pra voltar outro dia desses.

Pode vir em qualquer noite que precisar.
Mas não seja idiota de pensar em nós.
Nem estúpida em falar sobre amor.
Quero apenas a diversão mais saudável pro meu corpo.

E fique a vontade pra voltar em outra noite como essa...

(Allan Wagner, 16:36 - 16:58, 10/12/2010)

Estou Deixando Você.

Você ainda pensa que está me deixando,
acha que está saindo com a cabeça erguida,
acredita que é a culpada em toda a história,
então pense minha querida...

Eu sei muito mais coisas que você,
eu sei de tudo o que você vem fazendo,
eu sei em que camas dorme enquanto eu durmo só,
e ainda acha que durmo só...

Eu sei quem são seus amigos,
sei bem o que sua família quer comigo,
sei bem que querem apenas um palhaço,
mas até agora não conseguiram...

Quantos você acha que cairão na sua história?
Quantos pensa que são idiotas como aqueles que vieram antes de mim?
Vão acreditar na sua inocência falsa acompanhada de sua falsa virgindade?
Que por sinal foi minha?

Meu bem, eu que estou deixando você.

Eu estou saindo por cima.
Eu estou por cima de quem eu quiser estar.
Eu sou o que você nunca poderá ser.
Por um simples motivo meu bem...

Eu que estou deixando você.

Agora.

(Allan Wagner, 16:36 - 16:58, 09/12/2010)

Eu Ainda Não Sei.

Eu disse eu sei pr'onde vou.
Depois de tudo eu ainda sei.
Então segura o cinto e espera.
Aproveita a vista, é o melhor que você faz.

Eu me deixo levar, pelo vento,
já disse que não me importa o que os outros dizem.

Acredite no que sua cabeça diz.

Eu vejo pequenos soldados serem deserdados,
alguém muito inconsequente se acha o máximo nesse momento,
fica jogado fora todos esses doces,
que foram feito apenas para essa guerra...

Eu me deixo levar, pelas massas
já disse que não me importa o que eu penso.

Acredite no que sua pernas dizem...

(Allan Wagner, 12:10 - 12:16, 08/12/2010)

Ninguém Sabe.

Eu pensei que era ilusão.
Não, na verdade era ópio.
Ou seria algo pior?
Sei lá, alguém me ofereceu.

Mas ninguém sabe quem foi.

Joguei com pílulas brancas ao invés de fichas.
De quem foi essa idéia?
Foi muito ruim mesmo.
Sei lá, nem importa muito agora.

Afinal, ninguém sabe quem foi.

Deitei numa cama armada no deserto.
Alguém está com seus quadris sobre os meus.
Foi muito bom.
Sei lá, agora eu já cheguei lá...

E ninguém sabe quem foi.

E tudo é culpa sua por não estar aqui.
E tudo por você, já que não está comigo.
E agora vai acontecer e eu vou pensar em você.
E eu vou fazer de tudo pra que seja melhor do que como fazia com você.

E ninguém vais saber que fui eu...

(Allan Wagner, 19:12 - 19:19, 07/12/2010)

Covarde - Parte Dois.

Dois impactos fortes fora sentidos por eles enquanto forçavam a porta.

'Vocês vão ficar aí esperarando serem mastigados ou vão sair correndo e pegar um rifle desses?!?'

A porta foi jogada longe por causa da força que os dois empregaram em sua defesa.

'O que vocês estão fazendo aqui?'

Ele disse abismado.
No início do corredor uma força de batalha inusitada os aguardava.
Um senhor gordo - mas gordo de verdade - segurava um poderoso rifle nas mãos, era baixo e troncudo, tinha uma cara de poucos amigos e trajava uma roupa surrada de escritório, sua gravata estava torta mas teimava em tentar colocá-la no lugar.
O segundo era um homem negro alto e magro, o completo oposto do gordinho. O rosto era bastante simpático e trajava roupas esportivas e um segurava algo que parecia uma escopeta calibre 12.

'Andem, vocês dois, tome essa pistola moça... e pra você essa escopeta!'

O gordo empurrou as armas em suas mãos, fez gestos como se estivesse explicando como fazer a arma funcionar e saiu correndo na frente do grupo.

'Pra quê vocês vieram?'

'Covardes não saem em busca de uma só pessoa rapaz, você não precisava bancar o herói pra provar isso!'

Ele sorriu e apontou a arma pra fora do corredor estreito, um monstro adentrou rápido e já estava com os dentes a poucos centímetros da jugular do rapaz negro.

BAM!

Ela atirara com a pistola na cabeça do monstro.

'Você tem uma ótima mira...'

'Obrigada...'

Os três saíram rápido e o homem gordo aguardava-os.

'Aquele monstro entrou pelo outro lado, temos que ser rápidos, o Jeep vai estacionar bem ali em dois minutos'

'E vamos esperar?'

'Não garoto, vamos brincar de sobreviver.'

Com um sorriso maldoso no rosto o homem saiu correndo por entre os monstros e atirando naquilo que se mexesse.

'Vamos?'

Olhou para ela e para o rapaz negro ao seu lado.

'Não sei o que estamos esperando aqui.'

Os três correram e se juntaram rapidamente ao senhor gordo que estava cercado por uma dezena de mortos.

'Se a gente não sobreviver, pelo menos vai se divertir!'

O homem gordo puxou duas granadas dos bolsos e arremessou contra um grupo grande.

CABLAM!

Uma explosão ruidosa levou muitos monstros ao chão, mas sem o efeito desejado, eles continuavam a se levantar. O grupo subiu num batente mais alto e depois numa varanda. Decidiram para de atirar, os mortos pareciam ter desistido de procurá-los.

'Reagem ao som, não enxergam nada, então se abaixem e fiquem em silêncio até a cavalaria chegar.'

Mas ninguém chegou, por meia hora eles esperaram, o Sol do meio dia agora os atacava e parecia ainda mais quente que o normal.

'Onde estão, malditos!'

O homem gordo levantou-se alterado.

'Acalme-se, eles vão nos ouvir...'

O rapaz negro tentou acalmá-lo dando um tapinha amigável em seu braço, mas recebeu um safanão no braço como agradecimento.

'Me solte! Não importa se vão nos ouvir! Já estamos mortos mesmo! Aqueles covardes nos abandonaram! COVARDES!

Eram centenas de monstros agora. E o grito do homem apenas havia chamado mais e mais deles...

(Allan Wagner, 21:01 - 21:23, 06/12/2010)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Laranjeiras.

Estou tomado pelo orgulho!
Vejo apenas três cores, que no final se combinam em uma só.
Acredito que brasileiros e argentinos podem ser um só povo.
Creio que a mala branca não tem efeito em quem luta com o coração!
Vejo que uma espera de vinte e seis anos apenas deixou o sabor da vitória, o sabor da conquista ainda melhor, mais pura...
Tenho certeza de que no final da noite, apenas o melhor irá sobrar.
Que não será a festa de uma só noite.
Nem a comemoração de um único dia.
E por tudo o que acontecerá nos próximos vinte e seis anos, tudo que será ganho, tudo que passarmos.
Estarão guardados...
Guardados os melhores sentimentos, os maiores acontecimentos!

Debaixo daquela Laranjeira...

(Allan Wagner, 19:02 - 19:32, 05/12/2010)

Sem Parar...

Correndo.
Esquivando o Sol em meus olhos...
Amaldiçoando a Lua!
Correndo...
Sem parar eu decidi seguir em frente!
Evitando o medo...

Correndo!
Pulando as covas no caminho...
Saltando as esperanças de outros!
Correndo...
Nas margens dos ares...
Meus pés voam sobre mares!

Correndo...
Com o medo nas mãos...
Não deixando ele salpicar o chão!
Correndo...
Carregando teu coração,
com todo cuidado em minhas mãos!

(Allan Wagner, 12:30 - 12:42, 04/12/2010)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Reis e Rainhas.

Eu vi reis e rainhas caírem.
Vi suas revoluções estourarem,
e depois morrerem com mais revoluções.
Da noite pro dia.

Sorriem em seus mundos perfeitos,
sangram em seus tronos de espinhos,
gozam em suas camas com veludo,
morrem pelas mãos de seu povo...

(Allan Wagner, 21:01 - 21:08, 03/12/2010)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Detectado.

Não detectei nenhum motivo de pena.
Não captei sinais de dor.
Não escaneei vestígios de culpa.
Nem me foram mandadas ondas sonoras de rancor.

Então pra onde manda essas mensagens?
Espera que ele as pegue no ar?
Aguarda uma resposta imediata?
Ele não pode te ouvir lamentar...

Ele é humano.
Ele escolhe e decide.
Ele também ignora se não quiser mais.
Ele é muito frágil e erra.

Guardado dentro de um casulo de perfeição.
Achando estar acima de todos por ser esperto.
Pode sim subir na vida.
Mas vai sempre estar em queda em seu coração.

(Allan Wagner, 00:35 - 00:52, 02/12/2010)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Prazer.

Em manhãs brancas eu vejo o que chamam de Sol,
Em noites negras eu procuro o luar,
Na pele branca eu encontrei a perdição,
Nas peles pardas me perdi em pecado,
Em peles negras achei o desejo,
Em corpos grandes não mostrei piedade,
Nos esguios me procurei em curvas,
Nos maiores seios me enfartei com volúpia,
Em menores fui caridoso,
Em quadris pequenos desejei ser o muito,
Nos maiores testei minha resistência,
Nas mais velhas encontrei experiência,
Para mais novas mostrei o que queria,
E para aquela que mais desejei respondi com apatia,
Agora me apego ao não estar dela,
Aproveito os momentos de lazer,
Todos os maiores desafios,
Nas maiores luxúrias,
E me afogo em prazer...

(Allan Wagner, 11:12 - 11:29, 01/12/2010)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tornando Singular.

Eu não vou parar de te agredir se continuar a me agredir,
não posso parar de sofrer se você continua querendo me ver pra baixo,
se me procura só pra me magoar,
só por não aceitar que eu estou vivendo de novo...

Quando eu já não acreditava em mais nada,
algo veio e me puxou pra fora,
obrigado, mas não precisa ficar,
pode partir, não sinto mais sua falta!

Me perdoa se agora não está sorrindo,
me perdoe se agora o vento é mais confortante que eu,
se o mar é mais calmo que todas as minhas ações,
mas estou sedendo.

Só me quero,
isso está me bastando,
e estou com alguém bem melhor,
e prefiro os braços dela aos teus.

(Allan Wagner, 00:02 - 00:15, 30/11/2010)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Covarde - Parte Um.

Era um covarde.

Todos sabiam, todos diziam. Ele sabia.

Era magro e fraco, morria de medo do que estava acontecendo, mas mesmo assim continuava a correr naquela direção.
Não sabia se o que o movia era o medo, uma súbita coragem ou uma extrema vontade de saber se ela ainda estava realmente viva.
Ouviu ela implorar por ajuda, dizia que não podiam abandoná-la, ela dizia... que queria viver... Conhecia a voz dela, sabia quem era ela, sempre soube e talvez fosse a última vez que a ouvia se não fizesse nada.
Chegou no local e viu os malditos, sedentos de sangue, caminhavam aleatoriamente pelo rua, mas estavam sendo guiados pelos pedidos desesperados dela...

'Por favor! Alguém... Me ajude... Eu não... Não quero morrer...'

Suas pernas estavam bambas com a visão dos mortos. Dezenas deles andavam na rua estreita, mesmo que chegasse até ela, como sairiam dali? E pra onde iriam? Como sobreviveriam? Pediu uma hora ao grupo que acompanhava, quis ir sozinho, queria fazer aquilo só... Achava que era o mais fraco do grupo, podiam abandoná-lo se desejassem, mas não iria deixar que algo acontecesse com ela...

Virou o boné e arrancou um cano de ferro que estava numa parede - obviamente com um pouco de dificuldade - e levantou as mangas da camiseta. Correu na direção dos mortos e atingiu o primeiro bem na nuca. O sangue espirrou como se fosse um vazamento na parede.

Atingiu mais sete ou oito assim, e continuou a seguir os gritos.

'Alguém... Por favor! Não, não nãããaaaahhh...'

Seu coração parou naquela hora, a voz gritava incessantemente, desesperada.
Ele havia perdido a noção de perigo naquele momento, então voou pra cima de quatro mortos e os agrediu ferozmente, a raiva tomava sua mente, continuou sendo guiado pela voz dela, agora sussurros abafados.

Virou num beco e viu uma aglomeração de mortos, mais de dez, com certeza, mas os atacou como se sua vida dependesse disso - e, indiretamente, dependia.
Matou todos - novamente - e sentou-se cansado... Olhou para os lados e viu apenas um corpo feminino deformado em cima de uma porta velha. Chorou compulsivamente.

'Cheguei... tar... tarde de... demais...'

Dois mortos entraram no beco... Ele os atacou violentamente, não importava se já não reagiam aos murros, pancadas e outras agressões, queria matar a todos, queria apenas que morressem e não levantassem de novo.

O silêncio do momento o fez chorar ainda mais...

Longe ele ouvia gemidos...

Esperava ouvir alguém lhe chamar, não queria mais levantar. Parecia não haver mais motivo pra se levantar...

Parecia não haver motivos pra viver...

...

Mas a porta começou a se erguer e ele se levantou com todo ódio que tinha. Mas rapidamente a expressão dele mudou.
Era ela. Havia, de alguma maneira, jogado a porta por cima do próprio corpo enquanto os monstros devoravam outra pessoa.

'V... você me ouviu? P... por isso você v... veio?'

Ele sorriu e ela retribuiu. Abraçaram-se mas não tinham muito tempo. Da hora que ele pedira ao grupo, já haviam se passado, no mínimo, cinquenta minutos...

'Essa garota... Ela me acompanhou do hospital até aqui... Ela me empurrou pra baixo da porta, ela disse que por eu ser médica, podia ajudar quem ainda estava vivo... Ela sacrificou a vida por mim, ela salvou minha vida... E agora, você também...'

Ele sorriu para ela. Bastava para acalmá-la, mas ele não conseguia manter essa calma. Um som abafado invadiu o beco, mais mortos entravam rápido, ele a arrastou para trás da porta e ambos ficaram protegidos, mas os mortos tentavam a todo custo derrubá-los, arrancar a porta das mãos deles.
Enfiou o cano pela fresta da porta, atravessando a cabeça de um dos monstros. Mas aquela não parecia uma batalha ganha...

'Vou sentir sua falta...'

Sussurrou, e logo depois segurou a mão dela com força...

(Allan Wagner, 20:02 - 20:25, 29/11/2010)

Máscara.

Éramos um.
Nos tornávamos cada vez mais, algo maior...
Mas algo caiu no meio do tempo.
Algo sumiu na poeira de todo aquele carinho...

Éramos dois.
Nunca fomos tão diferentes...
Algo nasceu na distância.
A sua máscara de traição não caiu a tempo pra que eu soubesse da verdade...

(Allan Wagner, 13:50 - 13:57, 28/11/2010)

sábado, 27 de novembro de 2010

Só Por Maldade.

Talvez em um passado não muito distante,
diante daquela tão pouco esperada chance,
eu tenha te roubado um pouco de paz,
e tenha te roubado algum sabor...

Naquele instante,
tendo aquela chance,
talvez eu até não fosse eu,
queria te dar sabor demais...

Então eu tentei criar uma rebelião que me devolvesse a graça,
queria soltar o que podia ser pra você me ver,
para ser passível de uma fuga em massa,
pensei que assim devolveria a luz dos meus olhos!

Mas acho que te assustei,
deixei faltar gravidade com tanto querer,
você declarou o estado de calamidade,
e era iminente... O que eu temia...

Mas desde que não vá embora sentindo-se ameaçada,
não pise em cima de mim como se eu fosse invisível,
podendo levar todas as saudades e vontades,
mas preferindo deixar seu perfume impregnado em cada fração de mim...

(Allan Wagner, 22:55 - 23:01, 27/11/2010)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Verdades de Fundo de Garrafa.

Ninguém vive de amor,
ninguém se alimenta de luz,
niguém acredita em Papai Noel,
então pra que temer o desconhecido?

A morte não é o final,
nem o início de nada,
é apenas um passo após a vida,
e um passo antes da imortalidade.

(Allan Wagner, 00:01 - 00:06, 26/11/2010)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

No MEU Universo.

Ouvi dizer que acontecia algo grande,
fora do meu universo...

Então meu mundo perdeu sentido,
ficou de pernas pro ar!

Percebi que quando o via ao contrário,
ele ficava no lugar...

E agora tudo que você arremessou em mim,
tudo que expulsou de seu vulcão...

Frases de efeito já não funcionavam,
palavras bonitas não me atingiam...

Se me quer bem suma da minha frente,
se me considerou algo algum dia, desconsidere...

Se quiser voltar, será apenas um noite,
não quero seu ser puritano...

Me quero entre seus rims,
entre suas pernas...

Se desejar outras noites iguais,
poderá tê-las, mas com condições...

Nada de amor,
nenhum carinho...

Sem retribuições,
sem telefonemas...

Apenas sente-se ao meu lado,
implore e tome um drinque comigo...

(Allan Wagner, 23:47 - 23:59, 25/11/2010)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Plano de Fuga.

Depois de tanto tempo eu consegui,
Ralei e vi que eu era mais do que você merecia,
tentei cavar túneis pra me levar de volta a você,
e pensava qual o plano de fuga a prova de dor?

O Sol quadrado já não me satisfazia,
decidia por não acordar pra me manter inteiro,
preferia morrer numa cama a sair e ver o Sol,
e era assim que você me fazia bem?

A decisão foi minha,
minha decisão foi a tempo,
meu tempo foi perdido com você,
e perdi um pouco de mim quando você me esqueceu...

(Allan Wagner, 00:23 - 00:31, 24/11/2010)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Da Queda ao Esquecimento.

Cuspiu em tudo o que fomos,
decidiu de uma vez por todas as boas coisas,
fotos não serviram pra nada,
além de aumentar a fogueira que decidiu fazer.

E daí se tudo foi bom?
E daí se os momentos marcaram?
E daí se deitamos primeiros entre nós?
E daí se abandonei parte de minha vida em você?

É a parte que não me interessa,
é a parte morta,
a parte que nunca vai voltar,
e nem pretendo ter de volta...

(Allan Wagner, 21:20 - 21:44, 23/11/2010)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Luz.

Então me diz Lua.
Pra que tudo é sempre assim?
Você só me faz recordar.
Mas tem coisas que não posso mais recordar.

Se eu te perdi.
Eu ainda lembro de alguns de teus caminhos.
E de certas tardes com amigos.
Talvez algumas tardes de Domingo.

E as noites que nos aproveitamos da Lua?
Muitas vezes duvido que aconteceram mesmo.
Como tentar ignorar a Lua?
É como tentar arrancar algumas boas estrelas do céu...

(Allan Wagner, 05:43 - 05:50, 22/11/2010)

domingo, 21 de novembro de 2010

Embarcações.

É doce morrer no mar?
Quantas vezes eu morri nele?
E quantas vezes eu fui salvo?
Quantas vezes me deixei afogar?

Fui derrubado de barcos.
Empurrado de navios.
Atacado por quem amava.
Me vi isolado no meio do oceano.

Em vários momentos me agarrava a pequenas embarcações.
E elas não demoravam muito a me derrubar.
Um dia, uma semana, no máximo.
Me viam agarrado, sorriam para mim e depois me derrubavam...

Mas há seis meses fui resgatado.
Fui puxado para dentro de uma embarcação que eu conhecia.
Uma mão fez questão de me puxar.
E dois braços calorosamente me abraçaram.

Um sorriso brilhou pra mim.
Olhos cintilaram ao me ver.
Tudo aconteceu como deveria.
E lá no fundo sei que essa embarcação não quer me derrubar...

(Allan Wagner, 19:55 - 20:04, 21/11/2010)

sábado, 20 de novembro de 2010

Memorável.

Eram precisas apenas três palavras.
Era pedido apenas um movimento.
Apenas o mover de um dedo.
O puxar de um gatilho.

Era certo que era o fim.
Era afirmativo que havia algo errado.
Tantas pessoas 'morrendo'.
E tantas pessoas voltando da morte.

Tantas delas levando outras para essa 'morte'.
E outras tantas retornando.
Era um ciclo vicioso.
Era um círculo infinito.

Era um momento maldito.
Um hóspede indesejado.
Talvez uma ameaça biológica.
Uma colina silenciosa.

Nosso mundo já não exisitia.
O mundo que criamos pra nós também não.
Ele rachava enquanto te via sofrer com a 'febre'.
Eu via ele afundar enquanto você me implorava...

'Agora me mate.'

Três palavras e nenhuma ação.
Um movimento bastava.
Poderíamos ter encerrado tudo naquela hora.
Poderíamos ter posto um ponto final.

Mas não.
Decidi pela piedade.
Por nosso amor.
Um amor que foi esquecido depois da 'febre'.

E agora você está sobre mim.
Não como em tantas noites.
Não pelo prazer de estar comigo.
Mas querendo me arrancar a pele...

(Allan Wagner, 00:23 - 00:48, 20/11/2010)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Algo.

Eu posso não estar no momento certo.
Posso não ser a pessoa certa.
Eu posso estar fazendo tudo terivelmente errado.
Mas tem coisas que eu preciso falar.

Tem coisas que precisam ser faladas.
Acho que tem algo acontecendo aqui.
Acho que há algo entre nós.

Talvez eu te precise mais que tudo na vida.
Talvez eu te precise mais que tudo na minha vida.
Talvez eu precise de você em tudo na minha vida.

Talvez eu te sinta mais que tudo na vida.
Talvez eu sinta mais tua falta que tudo na vida.
Quem sabe eu até te ame mais que tudo na vida.

(Allan Wagner, 20:35 - 20:41, 19/11/2010)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Basta!

Chega de tanta ilusão!
Encerrem esses preconceitos!
Acabem com a raiva,
honrem com suas palavras!

O que falta lhes dar?
O que lhes falta receber?
Precisam vender até suas almas?
Precisam de tanta ignorância?

Pra que a crença no ódio?
O motivo do tédio?
Pra que a gula?
De onde vem a avareza?

Não precisamos de crenças infundadas,
não necessitamos de deuses impiedosos,
nem de amizades faliveis.
Precisamos apenas de nós.

Basta.
Chega.
Encerrem.
Isso é o que precisamos.

(Allan Wagner, 06:09 - 06:15, 18/11/2010)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Novidades no Mundo Digital.

Eu te bloqueio,
Tu me exclui,
Eles riem de toda a situação,
Nós não nos falamos mais,
Vós sois uma vaca,
Eles que vão catar coquinho!

(Allan Wagner, 20:55 - 20:57, 17/11/2010)

100 Dias.

Foi um longo período de espera...

Aguardava por sua chegada há algumas horas, mas parecia que o tempo não passava. Todas aquelas pessoas no porto aguardavam seus entes queridos, ele também. Faziam três meses e alguns dias, na verdade, naquela terça-feira faziam exatamente cem dias que os dois haviam se separado.

Olhava para o horizonte torcendo que a embarcação desse algum sinal, queria ver, mesmo que apenas um pequenino ponto negro.
Puxou a carteira de cigarros e arrumou o paletó cinza e o chapéu, puxou a gravata vinho um pouco pra baixo e tamborilou os dedos sobre o pacote. Olhou fixamente para a carteira, não fumava há exatos cem dias, e agora, loga agora, estava com uma vontade terrível de fumar... esperou que não ouvesse ninguém olhando e então puxou um dos cigarros e acendeu-o, olhou, ameaçou por na boca, mas apagou na madeira úmida do corrimão depois o jogou fora, junto com toda a carteira e também o isqueiro.

Começou a andar impacientemente de um lado para o outro, sentiu esbarrar com duas ou três pessoas, mas provavelmente todas estavam tão ansiosas como ele.

Na entrada do porto, seu amigo Giuseppe o aguardava sentado num Mustang 2010 preto. O carro era perfeito. Escondia sob o capô quase quinhentos cavalos de potência - alcançava de zero a cem quilômetros em pouco mais de três segundos - e o negro da lataria refletia perfeitamente o Sol, as rodas aro 19 tinha um desenho magnífico e os vidros eram revestido com fumê. Ele era apaixonado por aquele carro, mas no momento o veículo mais lhe parecia um fusquinha velho diante da espera.

Olhou para uma família sentada próxima a ele.

Duas crianças saudáveis corriam e volta do banco, uma menina e um menino, provavelmente gêmeos, seus rostos eram idênticos, a pele era bem branca e as bochechas rosadas. Os cabelos eram cor de mel, os da menina amarrados em duas tranças e o do garotinho no estilo de 'cuia'. Eram crianças lindas. Seus pais também. O senhor que aparentava ser o pai parecia ter seus quarenta, quarenta e cinco anos, sorria enquanto estava sentado olhando para os filhos ativos, seus cabelos - já um pouco ralos - eram cor de mel, como o dos filhos. Tinha um nariz protuberante, não herdado por ele, mas magníficos olhos verdes que os passara. Estava nervoso, tamborilava os dedos nos cantos do banco rapidamente. O homem olhou para ele e rapidamente abriu um largo sorriso amistoso.

A senhora, a mãe, tinha um rosto belo, também aparentava seus quarenta anos. Os cabelos bem negros e lisos, a boca bem torneada e carnuda e o pequeno nariz que fornecera aos filhos. Lia uma revista qualquer, provavelmente para que o tempo passasse mais rápido...

Seus rostos lhe eram familiares, mas não sabia o motivo, olhou o horizonte fixamente, e, em cinco minutos, viu a embarcação se aproximando rapidamente. Abriu um largo sorriso.

Em menos de dez minutos o imenso barco atracara no porto e em meia hora as pessoas desciam animadas, e os que as esperavam estavam ainda mais animadas.

Procurou por ela, andava entre o povo e não a encontrara, num impulso, talvez um sexto sentido olhou para a família que estava a pouco observando... e lá estava ela.

Os cabelos cor de mel longos e lisos, a pele branca, a boca protuberante e os olhos verdes. Então era isso, sabia de onde conhecia aquela família, mesmo que nunca os tivesse encontrado, sabia o motivo de conhecê-los. Ela o viu e se aproximou rápido com um sorriso lindo. O beijou e olhou bem fundo nos olhos dele, aquilo já traduzia tudo o que sentia.

- Vem amor, quero te apresentar minha família! - e ela o puxou pelo braço carinhosamente.

O resto da tarde foi como qualquer outra.

Todas as pessoas que no porto estavam saíram e foram para suas casas, foram jantar, comemorar, agradecer pelo retorno daqueles que amavam, mas o que aconteceu com o dono do Mustang 2010 não interessa muito no momento, só interessa saber que ele a encontrou, e aquilo lhe bastava pelas próximas duas vidas que teria pela frente...

(Allan Wagner, 15:32 - 15:55, 16/11/2010)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Morda.

Ivan torceu o braço dele com toda força que tinha.

Era necessário segurá-lo para que pudesse fugir, procurou algo para amarrá-lo, mas não achava, não sabia que era tão forte, era uma criança bem pequena, mas forte! O pequeno garoto tinha a pele cinzenta e babava como um cão, tentou mordé-lo assim que passou por aquela rua.

As pessoas que passavam olhavam assustadas, pensavam que era uma briga de rua 'normal', mas havia algo estranho. Dois policiais se aproximaram.

- O que está havendo aqui? Solte esse garoto!

- Tá maluco seu guarda? Ele tentou me morder! Está com algum problema! Será que o senhor pode me ajudar?

Mas era tarde, o garoto se desvencilhou e pulou no pescoço do policial que estava mais próximo, arrancando um pedaço particularmente grande de carne. O sangue jorrava como se saísse d'uma fonte.

- Que maldição é essa? - o segundo policial puxou a arma e disparou duas vezes contra o garoto que se levantou com dois buracos de bala no peito - Que merda é essa?

- Eu avisei! Esse menino tentou me morder assim que passei perto desse beco!

A criança aproximou-se dos restos do primeiro policial e começou a morder o peito do corpo, que logo estava perfurado e com as vísceras a mostra. O policial deu mais dois tiros no garoto que levantou-se agressivamente.

BAM!

Ele achou uma barra de fero no beco e estourou a cabeça do garoto. O sangue escorria na rua como água.

- O que foi aquilo? - peguntou o policial.

- O senhor pergunta pra mim?

Mas o policial que fora atacado agora estava de pé, estava perdido, procurando algo, então alguém - que desde o início acompanhava a cena - o viu levantar-se. O corpo ambulante então moveu-se para a origem do som numa velocidade assustadora.

BAM!

E um tiro atravessou sua cabeça.

- Ok, seja o que for, parece um filme ou video game! - disse o policial que sobrevivera.

- Também acho, o que faremos agora? - Ivan perguntou.

- Você eu não sei rapaz, mas eu vou pedir reforços e avisar a todas as patrulhas possíveis caso haja mais ataques desses...

Então o policial seguiu até o carro de sua patrulha acompanhado por Ivan. Mas o jovem o cutucou antes mesmo que pudesse entrar no carro, uma onda de pessoas agiam iguais ao garoto e atacavam os pedestres e tentavam invadir veículos e lojas.

Era o início de um massacre.

(Allan Wagner, 20:12 - 20:25, 15/11/2010)

domingo, 14 de novembro de 2010

Haikai (Terceira Parte)

O uivo corta o ar gélido
o sangue corre nas veias
a neve petrifica os ossos.

--

A montanha não se curva
O mar não esquece
as noites se arrastam.

--

A pele e o pêssego
os olhos e as castanhas
os lábios e o morango.

(Allan Wagner, 02:01 - 02: 07, 14/11/2010)

Mate um NORDESTINO você também!

Quantas vezes já não ouvimos falar que, de acordo com o povinho sem cultura do Sul, 'NORDESTINO NÃO PRESTA'?

O último caso é o do estudante de DIREITO - grandes advogados teremos hein? - que manda cada um afogar um nordestino que assim o mundo ficaria melhor?

Eu andei pensando no que ele falou, li algumas coisas de pessoas na internet e percebi que ele está realmente certo, afinal, como disse José Barbosa Junior, o povo de lá tem muito a nos oferecer - além de ser o povo branco mais elitizado e civilizado obviamente.

De acordo com ele, devemos muito ao povo do Sul, devemos a ele o trabalho infantil, Kelly Key, Latino e sua festa no Apê, o funk carioca, a bela e carinhosa expressão 'cachorra' a qual devemos dar a nossas mulheres e filhas (afinal são todas cachorras e não devemos nenhum respeito a elas), o pagode 'gostoso' e o 'dia de princesa' do Netinho de Paula... Eles não gostam de nossas músicas afinal, não vivem dançando NOSSO forró ou ficam cantarolando músicas de Elba, Alceu, acho que eles juram que NOSSOS compositores, são de lá...

Mas tenho algumas opiniões, acho que meu colega José Barbosa Junior não lembrou das partes mais importante, o verdadeiro motivo para eles falarem de boca cheia que NORDESTINO NÃO PRESTA!

Ao contrário de lá, temos SIM nossos problemas de polícia e segurança, mas nós não estamos sempre em guerra com nossa polícia (ou seria milícia?), derrubando helicópteros, entrando em guerra com quem deveria nos ajudar. Não vendemos drogas na porta de nossas pré-escolas, mas ultimamente influenciados pelos sulistas, alguns bandidos (bandidos não, vendedores não autorizados) vem fazendo isso em nossas escolas de ensino médio. Mas devemos começar essa guerra! Vamos todos começar a comprar pistolas e fuzis, vamos ensinar nossas crianças a fumar com 2 anos de idade e a atirar com 3! Vamos mostrar a elas que os caras ruins são aqueles que não nos deixam matar, estuprar ou roubar!

Não vivemos abusando de nossas crianças ou estuprando nossas adolescentes, mas devemos, aproveitamos e tiramos fotos, gravamos vídeos e postamos na internet para que o mundo veja o quanto somos civilizados! Afinal, devemos fazer isso com elas sim, não importa a idade, o SEXO é vida!

Devemos também matar todos os negros, discriminar nossos MELHORES amigos por causa da cor, jogá-los em favelas aos montes e, se possível, tocar fogo neles enquanto estão dormindo, ou nos índios, ou em senhoras, você decide! É muito divertido vê-los brilhar com o fogo.

Precisamos malhar mais e tomar os anabolizantes de cavalo mais caros para poder brigar mais e por mais tempo com qualquer pai de família que apareça em uma boate para se divertir com os amigos, estuprar sua esposa quando ele for ao chão e forçar as garotas a transar conosco.

Já os mais velhos, lá pros 40, 50, precisam ir ao nordeste para tentar pegar algumas menininhas - menores de 15 obviamente - para ver se ainda dão no couro!

E, é claro, não podemos esquecer da mais nova CELEBRIDADE DO BRASIL! Não, MUNDIAL! Ele que é REAL e faz com que pessoas SENSATAS E INTELIGENTES o sigam, gastando seu dinheiro e suas vidas, ELE que quer que BUSQUEMOS CONHECIMENTO! SIM, O ET BILU! Todos deveríamos nos mudar pro fim de mundo no Sul pra ouvir as sábias palavras de BILU! A maior celebridade, o maior sábio de todos os tempos!

Nós temos muito o que aprender com o povo do Sul! Precisamos seguir seus conselhos, precisamos agir mais como eles, assim o Brasil vai pra frente!

Ah! Mas eu acabei esquecendo, eu sou NORDESTINO, e como bom nordestino, preciso morrer afogado! Então eu vou ali me afogar e volto já, quem sabe assim o nosso país se torne um lugar melhor?

(Allan Wagner, 22:01 - 22: 35, 13/11/2010)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Crença dos Assassinos.

Não era fácil admitir aquela traição.

Levaram de mim o mais importante.

Meu pai, homem de caráter e sempre honesto, estava acima de qualquer suspeita, tinha seu segredo, mas era algo só seu, algo que nossa família pouco sabia. Mas era um homem íntegro... era meu herói.

Meu irmão mais velho, meu melhor amigo, meu maior aliado, meu parceiro, meus olhos quando não podia ver, meu tato quando não podia tocar, meu outro eu.

Meu irmão mais novo... como puderam tirá-lo de mim, de minha mãe e irmã? Ele era frágil, vivia doente, não podia fazer maldades nem contra uma mosca! Me pedia para pegar penas de pombos e outras aves nos telhados de Florenza... E o levaram...

Foram enforcados na minha frente, todos acusados de traição, acusaram meu pai de bater de frente contra os banqueiros, nobres, soldados... e acusaram meus irmãos de auxiliarem ele. Malditos sejam...

Eu?

Eu busco vingança.

Eu ando nas sombras, eu guardo o que ainda há de bom em mim. Prezo por minha honra como ensinou meu pai e nunca desfaço minhas promessas. Pago minhas dívidas com meu sangue se necessário.

Quem sou eu?

Meu nome é Ezio Auditore da Firenze.

E eu, sou um Assassino.

(Allan Wagner, 02:01 - 02:19, 12/11/2010)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Minha Paz.

Depois de todas as saudades,
das noites em claro no trabalho,
das noites vazias em casa,
dos dias solitários na minha sala,
das tardes cheias na Universidade,
chega o fim-de-semana...

E nele encontro algo maior,
encontro uma paz,
ela que me completa,
ela me faz sentir,
ela que me faz seguir,
ela me inspira,
ela me faz,
e o que ela me faz dia após dia,
é querer mais e mais viver a minha vida...

(Allan Wagner, 11/11/2010, 17:53 - 17:58)

Haikai (Segunda Parte)

O punho amarga a derrota
O derrota acaricia a dor
A dor sorri alegre.

(...)

O andarilho carrega suas flores
Uma senhora sorri para a criança
Algo se esconde no matagal.

(...)

Lhe devoram as entranhas
Arrancam sua vitalidade
Os lobos fojem alimentados.

(Allan Wagner, 10/11/2010, 01:53 - 02:01)

Haikai (Primeira Parte)

Flores dançam solenemente
O vento as acaricia
Falta água para viver.

(...)

A montanha ergue-se
As sombras atacam
Apenas a luz sairá vencedora.

(...)

Nos bastidores do amor
O ódio se alimenta
A inveja se arrasta.

(Allan Wagner, 09/11/2010, 18:12 - 18:20)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Louco.

Aquele nosso amor,
só tem um jeito manso,
e que me deixa louco,
quando me beija boca...

Só tem um jeito manso,
a pele arrepiada,
quando me beija boca...
beija com calma, fundo...

A pele arrepiada,
Minha alma se sente,
beija com calma, fundo...
Somente o meu amor...

(Allan Wagner, PANTUM baseado na música O MEU AMOR de Chico Buarque, 21:09, 08/11/2010)

Nossa Sorte.

Já perdemos a noção,
juntos jogamos fora,
conta como hei de ir,
ao te ver, me fiz sonhar...

Juntos jogamos fora,
eu só rompi o mundo,
ao te ver, me fiz sonhar...
pra onde que posso ir...?

Eu só rompi o mundo,
e nas noites eternas,
pra onde que posso ir...?
confundimos as pernas...

E nas noites eternas,
com que pernas vou seguir,
confundimos as pernas...
Nós estamos pelo chão...

(Allan Wagner, PANTUM baseado na música EU TE AMO de Chico Buarque, 22:19, 07/11/2010)

sábado, 6 de novembro de 2010

Cansaço...

Há dias em que dormir é o melhor remédio,
dias que a melhor cura está em fechar os olhos,
descansar o corpo e esquecer as horas...
Hoje é um desses dias...
Na qual vou descansar minha cabeça sobre um travesseiro,
e deixar que as horas passem...
Apenas que passem...

(Allan Wagner, 06:28 - 06:33, 06/11/2010)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Trabalho de Dramaturgia – Pantum – Que Sofra.

Hoje preciso me libertar,
hoje vou te machucar,
da maneira mais sincera,
e da maneira mais dolorosa que eu sei...

Hoje vou te machucar,
dizer que tua falta vem me matando,
e da maneira mais dolorosa que eu sei,
quero que a dor que sinto te consuma.

Dizer que tua falta vem me matando,
é algo inexplicável,
quero que a dor que sinto te consuma!
Quero que sofra e seja infeliz!

É algo inexplicável,
mas em todo esse tempo que ficamos juntos,
quero que sofra e seja infeliz...
Do fundo do meu coração não cicatrizado...

Mas em todo esse tempo que ficamos juntos,
nada valeu a pena, nada fez a diferença!
Do fundo do meu coração não cicatrizado,
desejo sua infelicidade.

Nada valeu a pena, nada fez a diferença!
Você não podia ter sido minha primeira noite,
desejo sua infelicidade,
pois só assim eu vá conseguir me libertar...

Você não podia ter sido minha primeira noite,
seu corpo não pode ser meu,
pois só assim eu vá conseguir me libertar...
Tenho mil motivos pra abusar dessa sinceridade...

Seu corpo não pode ser meu,
não posso te desejar, te querer, te amar!
Tenho mil motivos pra abusar dessa sinceridade...
Estou te machucando, mas não quero isso.

Não posso te desejar, te querer, te amar!
Preciso te desprezar, te ignorar, fingir que não existe!
Estou te machucando, mas não quero isso.
Pois lá no fundo tem mais que isso.

Preciso te desprezar, te ignorar, fingir que não existe!
Não queria abandonar tudo o que fomos.
Pois lá no fundo tem mais que isso.
Eu ainda te quero?

Não queria abandonar tudo o que fomos.
E você precisava abandonar...
Eu ainda te quero?
Talvez...

(Allan Wagner, 22:21 - 22:37, 05/11/2010)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Lua Plena.

Onde viverão meus medos?
E os medos de meus medos?
Talvez na parte mais escura da Lua?
Ou aqui?

A Lua está Cheia lá no alto,
escondendo o outro lado de sua face,
guardando consigo segredos que ouve todas as noites,
escondendo os medos dos mais temerosos.

A Lua é plena,
é pura e indivisível,
te faz descansar em paz,
te consome...

(Allan Wagner, 05:30 - 05:35, 04/11/2010)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mortífero.

No final só haverá Caos!
Pela vingança existirá esperança!
Por sangue teremos fé!
Por sua queda acreditaremos!

Me foi entregue o poder,
me foi dada a falsa imortalidade,
me foi subjugada a verdade,
me foi levada a paz.

Por minhas mãos,
sangue de meu sangue escorreu,
pelo maldito desejo,
gritando em mim o desespero teu...

Quantos terei que derrubar,
de vocês, quem deverei julgar?
Quantos condenarei,
Apenas com o olhar?

Do céu arranquei o Sol!
Do amor desposei a pureza!
Da morte arranquei os olhos!
E do mais forte, mostrei sua fraqueza!

Busquei a calmaria em pesadelos,
entreguei a vida ao desespero,
eliminei bons e maus,
Vivi vendo e revendo o Caos.

(Allan Wagner, 20:55 - 21:02, 03/11/2010)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Criando...

Não é fácil fazer poesia,
não consigo seguir a linha,
não dá pra acertar o compasso,
nem pra aceitar o marasmo,

Se torna entediante toda produção,
em meio a tanta gente,
no meio de tanto texto bom,
me vejo seguindo em outra direção,

Não pretendo ser famoso,
nem mostrar meu nariz empinado,
não achem que estou sendo manhoso,
só mantenho meu gosto refinado...

(Allan Wagner, 02:02 - 02:08, 02/11/2010)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Linha.

Segui a linha e mantive meus pensamentos no lugar certo,
Meu corpo e minha mente, minha vida estava do jeito que todos queriam.
Foi aí que perdi tudo!

Fiz o que todos queriam que eu fosse.

Queriam o rapaz forte e bonito?
Ali estava eu, forte, bonito e com problemas em meu relacionamento.

Queriam o rapaz inteligente?
Eu estudava e fazia meu curso superior, que não queria fazer, contrariando minha vontade de seguir um sonho.

Queriam o rapaz rico?
Eu trabalhava, eu me dava, e mesmo assim era o vagabundo.

Então eu acordei.
Do que valem suas opiniões?
Do que vale um corpo na moda? Se o que mais amo está indo embora?
Do que vale essa inteligência? Se não a uso para o meu bem?
Do que vale todo esse maldito dinheiro? Se pra vocês, nunca é o bastante?

Acordei, e decidi ser o que era de verdade.
Nessa hora, quem me aceitava do jeito que eu era ficou e quem não queria alguém que fosse verdadeiro se voltou.

O mais cômico, o mais hilário, é saber que da minha família, uma ou duas pessoas foi o que sobrou.
E de todos os amigos, novos e antigos, nenhum deles se rebelou.

(Allan Wagner, 20:42 - 21:00, 01/11/2010)

Os Corpos do Dia das Bruxas.

De prosa em prosa,
passo após passo,
decidi fazer nada.
Mas foi bom esconder as escadas.

Ouvindo aqueles gemidos roucos,
prestando atenção nos gritos silenciosos,
sentindo o cheiro de algo podre,
pela janela eu via os corpos...

As luzes são seu chamariz,
seus olhos cegos parecem sentir,
sua audição continua atenta,
e as pernas mal se aguentam...

Perdi um, dois ou três amigos,
perdi cinco, seis ou sete familiares,
mas não houve dor maior,
quando vi você caminhar entre eles...

Sem rumo nem prumo,
sem vontade ou desejo,
apenas divagando, caminhando,
e do outro lado da janela estava eu, me martirizando...

Carregando meu poderoso rifle,
queria lhe dar libertação,
apontando para sua cabeça,
e recitava uma oração.

Nunca Nele acreditei,
e com certeza essa não era a hora,
pois ele amaldiçoou o mundo,
e nos deixou do lado de fora.

mas eu pedia por sua paz,
relembrava o seu amor,
revia seu corpo quente,
entregue a mim com ardor.

Ali terminava nossa relação,
nossos anos de convivência e adoração,
então esse era o fim,
entre o você e eu, pensei em mim.

BAM!

(Allan Wagner, 17:53 - 18:12, 31/10/2010)

Indecisamente Medianas Mentais.

Queria saber desejar uma Boa Noite de maneira menos tradicional, mas ao mesmo tempo que quero isso não consigo imaginar nada mais criativo do que os apresentadores de Telejornal... então bom fim de tarde e apaguem o Sol por favor pois estou com sono.
Minha mente decidiu funcionar nos últimos dias, decidiu pensar fora de mim e me trazer montes de opiniões frescas e novinhas... ela decidiu decidir sem mim ultimamente.
Sempre que estou indo para a universidade consigo pensar exatamente na coisa mais difícil de todas - e não, não é matemática ou afins -, consigo pensar em nada... enquanto, na verdade, minha consciência junto com minha mente apenas decidem dar uma voltinha durante a viagem. Sempre que entro naquele ônibus minha cabeça esvazia e sempre volta com questões deveras intrigantes... mas essas não valem tanto a penas serem lembradas.
Sei que sou um estudante de arte no Brasil, sei o quanto somos desvalorizados e tudo mais, mas não importa quantas vezes se repita, sempre tem alguém falando algo como 'Nossa, artes? Você é a primeira pessoa que conheço que faz isso' ou 'Você deve ser bem inteligente, sei que a média de artes é bem alta' ou 'Artes? Você com certeza vai ganhar bem' ou o mais famoso 'Você deve ser talentoso, é um dom não é?' ou coisas assim.
Pra falar a verdade, está tão raro ouvir alguém falando negativamente sobre a profissão de arte-educador/artista plástico ultimamente que chego a ficar assustado...
Minha mente sempre volta com o questionamento do 'por onde começar' em relação a universidade e a minha produção artística. Por exemplo, eu vou escrever esse pequeno texto e no final não vou lembrar muito bem do que disse... vai ser tudo culpa da minha mente, que decidiu dar uma voltinha com meu juízo e voltou me lembrando dessas coisas...

(Allan Wagner, 19:40 - 19:55, 30/10/2010)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lâmina e Nuvem.

(...)

'Primeiro pensei o que te daria de presente, pensei em te dar sofrimento, incontáveis dores... Então pensei bem e irei tirar tudo o que é importante para você, decidi por um fim a seus amigos, sua família, seus amores, tirar tudo que lhe tem algum valor.'

Então ele baixou a cabeça e lhe respondeu.

'Não vai conseguir fazer isso, teria que se livrar de tudo o que existe.'

Sorriu, ergueu a cabeça e fitou bem seus olhos.

'Não há nada que não seja importante.'

(...)

(Allan Wagner, 12:13 - 12:18, 29/10/2010)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Suficiência.

Você entende o que é dor?
Talvez entenda o que se passa em mim.
Não, não entende, nunca entendeu.
Nunca desejou entender.

Me viu como a tua salvação,
se apoiou em mim quando precisou,
mas no final esqueceu de todo o apoio,
esqueceu o que sacrifiquei por você.

No início nossa crença era pura e real,
tudo que fazíamos nos bastava,
tínhamos o silêncio por não ter o que criticar,
e mesmo que quizessemos, nossos olhares bastavam...

Eu sempre pensei que fosse o suficiente,
sempre imaginei que fosse o que procuravas,
e você dizia que, lá no fundo, eu era tudo o que você precisava.
Então por qual motivo você foi procurar algo melhor?

Eu sempre pensei que era o suficiente.

Mas o suficiente não era o bastante.

(Allan Wagner, 23:12 - 23:23, 28/10/2010)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sete Anos.

Andei ouvindo canções antes de te perder,
e em todas elas eu descobri qual seria o final de tudo isso,
eu teimava em crer que tudo mudaria,
mas o que eu não sabia é que havia acabado há algum tempo...

Você havia encontrado um passado,
um passado recente que te satisfez,
e você decidiu arrumar colocar erros em tudo,
e focou naqueles pequenos erros que nunca nos incomodaram...

Mas eu fiquei no silêncio,
eu guardei tudo que eu passei contigo,
tudo o que eu aguentei, tudo o que suportei,
e sei que você não suportaria ouvir...

Você sempre foi uma fraca e infeliz,
sempre achou que o que tinha bastava, mas desejava o que não tinha,
era frígida, tinha medo do meu corpo, tinha medo do meu toque,
tinha medo da dor que meu corpo causaria ao tocar no teu,
eu nunca me satisfiz com você.

Você nunca me quis de verdade.
Você nunca me desejou de verdade.
Você nunca precisou de mim.
E eu nunca deveria ter esperado sete anos imaginando que precisava de você,
e você não precisava fingir, que precisava de mim.

(Allan Wagner, 02:32 - 02:38, 27/10/2010)

Onde Anda?

Você não deveria ter chegado,
e, ao chegar, não podia ter partido,
tornou uma impossibilidade em realidade,
mudou meu estado pra país,
meu país girou num continente,
que logo se tornou um planeta...

Você chegou,
rimou amor com dor,
falou a língua que queríamos pra ninguém nos entender,
juntou o ardor e o calor,
e os alterou no frio,
no frio gélido de me deixar sozinho,
e então ali eu fiquei no meu estado de esperança,
e você não voltou, não mandou nenhum sinal!
Me manteve em animação suspensa,
num estado sobrenatural...

Então eu decidi não esperar,
decidi que seu momento já havia passado,
e que ele nem veio,
sem início, nem ventre, nem meio,
me mantive seguindo sorrindo,
talvez tenha guardado a esperança dentro de mim,
talvez tenha guardado você enfim,
mas chegou um momento,
que você saiu e decidiu não voltar...

Alguém chegou e te expulsou,
se deu a mim de corpo e alma,
primeiro o corpo, aproveitamos a entrega total,
e depois a alma, em sua pureza angelical...
E agora, mais que nunca,
estou entregue...

E você? Por onde anda?
Não me permito te querer de novo,
nem quero te querer de novo,
mas pelo momento que passou,
e talvez até pelo bem que me fez,
onde está você?

(Allan Wagner, 20:22 - 20:30, 26/10/2010)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fé (Nada a Temer).

Estamos tão perdidos e cansados, pagando o preço,
o medo chega a ser algo exagerado, e parece inspirar,
Procurando a quem culpar...

Isso pode parecer muito dificil agora,
mas sinto que nós não devemos viver assim...

Não quero que venha me dizer que já é tarde demais!
Eu também sinto isso, aprendemos que todos amam odiar,
e odiamos quem deixa que os outros mostrem o caminho...

Buscamos encontrar, o amor, a vida? Ambos com uma nova mente.
E nós jogamos ainda mais, cantando aquelas canções de ontem,
enquanto muitos ficam em nosso caminho, e não passam de vozes sem uma palavra a dizer...

Muitos dizem que a vida é um favor, e alguns não tem tempo,
Limpam-se e beijam o altar, saúdam o poderoso 'pai',
E essa amor te mantem cego!
Continuamos com as mesmas questões, nós continuamos perguntando,
mas nosso amor nele nos impossibilita de ouvir as respostas, pois temos medo do que vamos encontrar...
Nós agimos e compensamos todas as nossas falhas através de nossa conturbada fé,
aquela que deveria nos manter salvos, continuamos a procura de um sinal, um único maldito sinal!

Dizem que Não haverá outro dia, as estações não mudarão,
eu apenas sei que ninguém vai nos salvar dessas mentiras...

Você conhece a melhor história já contada, guardada em um livro de capa dura,
só você que o fez, aqui ao eu lado essa história será combatida e não temida,
propositalmente...

E continuamos logicamente nos arremessando ainda mais,
Gostamos de cantar nossas canções de ontem, afinal, nada tem todo um motivo,
enquanto muitos ainda ficam em nossos caminhos, apenas vozes sem nada concreto a dizer...

(Allan Wagner, 05:32 - 05:46, 25/10/2010)

Se Vale a Pena.

Acredite em mim quando eu vier a você,
eu prometo que tentarei entender.
Acredite em minhas palavras quando eu disser a você,
que não sou capaz de matar um homem.
Mas saber que há outro te segurando apertado,
Machuca... durante a manhã e a noite...

Nosso vínculo foi desfeito,
a promessa que você me fez,
todas as palavras que já foram ditas,
sei que não posso ser seu escravo...

Saber que toda a confiança que você teve em mim se foi,
Machuca... não importa se for pela manhã, ou a noite...
Decidi apenas sonhar que você estava do meu lado na noite passada,
com toda sua ternura doce e amorosa, vencendo o meu orgulho tolo...
Mas quando acordei e não encontrei você ao meu redor,
percebi que foi apenas uma velha lembrança, e percebi o quanto eu me importo...

(Allan Wagner, 20:21 - 20:30, 24/10/2010)

sábado, 23 de outubro de 2010

Tempestade Divina?

A tempestade cai sobre a minha cabeça,
dá pra sentir o meu espírito rachar,
Dói,
Você pode ver, eu perdi todas as minhas crenças,
Quando me dei conta do meu grande erro...
E quando o tempo esclareceu tudo,
tudo ao meu redor ficou preto, branco e imóvel...

Eu já não creio e não rezo,
Se você me mostrar como viver te prometo que não vou te abandonar...

Preciso me afastar da tempestade, preciso que tudo se torne claro,
Quero sentir meu espírito se libertar...
Pois quando encontrei a minha realidade, percebi que ele a levou...

Dizem que eu preciso de amor, dizem que o amor é algo divino,
Quero que me perdoe agora, eu vejo pois antes estava cego,
Me dê esse tal amor, talvez ele me ajude a descobrir meu nome...

(Allan Wagner, 03:15 - 03:22, 23/10/2010)

Segredo.

Você talvez deva me conhecer,
eu sou um dos seus maiores segredos,
você me conhece,
sou seu segredo,
Eu pertenço a você...

Olhe só para mim,
me nomeou um guardião,
estou marcado para as 2h32 da manhã,
e você estará aqui,
eu sei que estará...

Sou um dos seus grandes segredos,
e pelo que eu vejo,
você está fazendo tudo para guardá-lo das pessoas que conhecemos...
Pois é, vem fazendo isso muito bem...

(Allan Wagner, 23:52 - 23:59, 22/10/2010)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Dança dos Mortos.

Os Homens mortos celebram,
como no final de um longo capítulo eles desaparecerão,
eles não podem esconder; sua carne podre!

E sua banda toca uma música cheia de esperança,
o champagne parece água, bebem como se não fosse nada, assim eles se socializam,
o brilho em seus olhos escondido na luz...

Carne rasgada e ossos cobertos por belos ternos,
com as cicatrizes visiveis, elas se multiplicam.
Uma bomba relógio foi reconhecida por um deles e pressurizada,
não há lugar para se esconder, ela está engolindo a luz!

Sinto uma força descomunal próxima, e está muito tarde para mudar,
está muito tarde para fugir ou se arrepender.

Tudo está pago, mas apenas por essa noite,
enquanto a festa dos dançarinos mortos continua em suas lápides.
As bebidas esta noite são de graça, então relaxe,
Aproveite a visão dos dançarinos mortos...
E enquanto aquele mundo que construíram lhes pediu que mudassem,
e enquanto aquele o que construíram lhes ordenou que escutassem,
Eles ficaram do mesmo jeito, e assim a meia noite chegou,

Eu?
Vou ficar numa sala assistindo aos dançarinos mortos em suas lápides.

(Allan Wagner, 05:42 - 05:57, 21/10/2010)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Armas.

Era um grupo pequeno, quatro ou cinco no máximo, mas andavam devagar e silenciosamente. Atravessavam a passos lentos uma auto estrada, haviam carros e motos parados e semi-destruídos por todo o percurso.
Um dos integrantes chutou forte algo que parecia ser uma jante de carro e xingou alto.

- Calado, se eles nos escutarem estamos todos mortos – falou o mais baixo do grupo, aparentava seus cinquenta anos.
- Obviamente que estamos, Carlos! Você com toda sua 'experiência' disse que devíamos deixar as armas naquele maldito vagão! OK, vamos atravessar uma auto estrada a pé, durante a noite e desarmados, enquanto um bando incontável de mortos-vivos estão por aí! Muito inteligente vindo do 'Senhor Experiência'! - ralhou o que o seguia de perto, era jovem e moreno, não parecia ter mais que vinte anos.
- Calados os dois! Carlos e Ruivo! Aquelas coisas são cegas, mas, de algum modo, não são surdas! Então calem suas bocas. - disse uma jovem que seguia logo atrás, aparentava ter acabado de fazer dezoito anos. Longos cabelos ruivos e olhos castanhos, era bonita e alta, parecia uma modelo ou algo do tipo
- Você ouviram esse velho? Seguiram mesmo as ordens dele? - disse o quarto integrante, um homem elegante, de terno e gravata. Parecia ter por volta dos trinta anos – eu trouxe comigo uma das pistolas ou seja lá o que for isso – e mostrou o objeto prateado posto toscamente no cinto.
- Nossa! Eu não notei Sr. Marques! - comentou a última do grupo, uma senhora, com aparentes cinquenta, sessenta anos.
- Seu grande idiota! Essas armas serão nossa perdição! - disse o velho.
- Porque? Se essas coisas vierem para cá temos como nos defender! Melhor que esperar que eles ataquem sem que possamos fazer nada! - disse Marques olhando para as duas mulheres – pensem nisso, as primeiras a morrer serão vocês duas, Ofélia e Natalie, ninguém vai se preocupar em salvar vocês!.
- Fale por si Marques! Não tenho o interesse de abandonar ninguém aqui, a não ser você! - disse Ruivo encarando o homem bem vestido.

Um estalo seco ecoou pela auto estrada, o velho Carlos dera um soco na nuca de cada um dos rapazes. Todos se entreolharam e continuaram andando vagarosamente.
Cerca de cem metros depois encontraram uma caminhonete grande completamente aberta.

- É seguro? - perguntou Ofélia, a mais velha.
- Obviamente não – disse Marques com os longos braços cruzados.
- Se não houver nada por ali podemos entrar no carro e dormir um pouco, estamos andando a mais ou menos doze horas sem parar... desde que 'paramos' naquela lanchonete lá atrás, comemos mal e até agora não dormimos... - falou Natalie, coçando os olhos.
Bem, o cara armado é o Marques, ele vai até lá e vê se está tudo bem – sorriu Ruivo.
- Eu? Logo eu?
- Obviamente, você decidiu trazer a arma, então você é o nosso 'protetor' – brincou Carlos.

Marques deu dois passos adiante, vasculhou o veículo e nada aconteceu. Virou-se sorrindo e foi puxado violentamente para dentro do carro, deu dois tiros contra seu agressor, o som dos tiros ecoou pela auto-estrada que em poucos segundos ficou lotada de mortos-vivos.

O grupo acabava ali.

(Allan Wagner, 22:00 – 22:28, 20/10/2010)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Alvo Fácil.

Quantos sabiam de tudo?
Quantos se fingiram de mudos?
Acho que eles estavam tão errados.
E ela nunca está de bom humor!
Odiar agora, chamar quando eu tiver feito algo errado.

Meus pedaços estão caídos por aí.
As peças dos quebra-cabeças ainda riem da minha cara.
Elas sabem o que eu fiz, mesmo que eu não saiba, já podem prever o que acontecerá!
Eu prevejo, é só você continuar assim...

Minha cabeça agora está acesa, e eu quero sair.
Fiquei sozinho, e sou um alvo fácil
Ouço os tiques e taques do Metrônomo, agora eu quero sair!
Estou solitário e sou um alvo tão fácil...

Os sonhos que temos com a TV são os mais loucos, mas são os mais reais.
Sonhei com comida e cavidades, elas mastigavam as palavras, e as lágrimas surgiam...
Vi que ele não se sente tão bem, nem se sente mal, não como deveria estar.
Eu também não me sinto tão bem, muito menos me sinto mal, não como acho que deveria estar...

Agora paro aqui.
Você alguma vez já me ouviu?
Acho que não.

Só não fique parado, se mova, arrume alguém.
Pois se você estiver sozinho, vai ser um alvo fácil.

(Allan Wagner, 04:52 - 05:01, 19/10/2010)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Coisas.

Quero ser muitas coisas e todas pra você...

Para os seus olhos, decido ser a interrogação,
a dúvida e a novidade...
Quero sempre estar de um jeito novo pra você me ver, mesmo que seja do jeito antigo.

Para o seu corpo, ser o perfume,
ser aquilo que nunca é doce demais, para que você enjoe de mim,
nem posso ser azedo a ponte de não me querer.

Pra sua mente, decido ser a inspiração,
o bom motivo de pensar em coisas boas,
de querer seguir em frente, de olha pra vida de verdade.

Quero ser seu verdadeiro vício.

Mas também não quero muitas coisas.

Não quero ser o motivo de suas lágrimas,
nem o motivo de suas preocupações.

Não quero te dar algo que não queira,
nem arrumar uma responsabilidade que não deve ter agora.

Não quero ser o motivo da sua tristeza,
nem o motivo de sua raiva, muito menos do seu ódio.

Quero o bem, quero o teu bem, preciso ser o teu bem,
afinal, antes de você, por terem me abandonado tantas vezes,
eu não queria nada...

(Allan Wagner, 20:55 - 21:01, 18/10/2010)

O Ano.

Faz um ano que eu senti.
E senti isso queimar por dentro, me queimou como um sol nascendo!
E erguido no céu, ele levou a única coisa que eu amei!
Eu sei que, logo depois desta maldita noite, todo o seu poder vai destruir meu corpo...
Então não se preocupe, não ficarei bem, quando minha noite terminar, e eu pretendo deixar essa cicatriz em você.

Quando me sentir pra baixo, sei que vou precisar de você aqui,
noite após noite e, pra cada palavra que parecer ser insuportável,
deixarei nas mãos do destino...

Você matou o homem que te trouxe a salvação, acabando com sua dor,
ele não deve significar nada para você terminar tudo isso de uma forma tão vergonhosa!
Começamos tão jovens e ajudei você a crescer,
e fiz isso por amor.

Agora quero que viva sua vida em vão, e não tire isso de mim,
Você me rachou, então apenas se lembre,
Agora, eu sou seu inimigo.

Eu não mereço cair deste jeito por sua traição.

Veja a paixão nos meus olhos, eu vivi isso todo dia, mas você pôde passar por tudo isso tão longe...
Nos meus sonhos era você e eu estava lá. Via tudo se tornar real.
Assim como o tempo que cresceu em você, então me resta uma coisa a fazer

Acabar com você.

(Allan Wagner, 21:20 - 21:35, 17/10/2010)

sábado, 16 de outubro de 2010

Castanho.

Os seus olhos tem esse estranho tom castanho que fica me seguindo,
observando cada movimento que eu faço...
E por causa deles, todos os meus sentimentos de dúvida, foram apagados...
Acho que agora posso dizer que não posso me sentir sozinho com você do meu lado.

Você é única, e em você eu confio.

Passaremos por alguns bons e maus momentos, eu sei.
Mas esse seu amor incondicional esteve sempre em minha mente, na minha frente.
No final, você esteve desde o começo aqui,
e talvez esse amor sempre foi verdadeiro, assim como pode ser.

E talvez seja a hora de salvar meu coração,
talvez ele volte a pulsar com alguma força,
por que agora percebi que nada pode se comparar a você neste mundo...

(Allan Wagner, 21:40 - 21:46, 16/10/2010)

O Preço do Mal.

Agora que seus pesadelos vieram a tona...
Agora que algo te puxou pra baixo,
te acorrentou em frente ao Diabo,
saiba que você será seu convidado eternamente...

Paz de espírito? Aqui não se conhece essa sentença!

Odeio confundir sua mente,
mas descobri que há horas em que Deus não está ao seu lado,
ele te abandona te deixando apenas o gosto amargo.
Cinzas ainda queimam, tem um cheiro bom no ar,
E homens como você, possuem uma alma tão fácil de se roubar...

Fique na fila, eles pintarão números na sua cabeça,
te marcam pro abate.
Você será seu escravo até o fim dos tempos,
e Ele não fará nada pra impedir que você saia da loucura!
Ainda assombrado? Puxe logo o gatilho!

Você deveria saber bem o preço do mal,
e agora dói saber que você faz parte daqui, não é?
Agora não tem ninguém para chamar,
apenas todos a temer,
seu destino trágico agora parece tão claro, sim.
Esse é o seu maldito pesadelo!
Daqui você não pode levantar suado,
porque aqui não acaba,
vai ficar dançando com seus demônios,
suas maravilhosas criações!

Lute pra não falhar ou cair!
Ou você irá acabar como todos os outros!

Morra quantas vezes forem necessárias!
Encharcado em pecado, e sem respeito por outros!

Mate e sinta o fogo! O ódio!
Sua dor é o que mais desejamos!

E daí que está perdido?
Acerte as paredes com sua cabeça!
Queremos ver você rastejar!
Assim como todo mentiroso, você é substituível!

Eu sei que você anda ouvindo a voz Deles, enquanto eles chamam lá de cima...
Eles podem até parecer reais, mandando todos estes sinais do 'amor',
mas a vida é feita de escolhas, e você fez todas elas erradas,
eles não deram valor à sua alma, e agora, ela é nossa para fazermos o que quizermos!

Você deveria saber o preço do mal,
pois, agora e pra sempre, você faz parte daqui,
não é?

(Allan Wagner, 21:20 - 21:47, 15/10/2010)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Trabalho de Dramaturgia - 4º capítulo, 4 páginas – Misturando Textos.

Continuei ouvindo aquela respiração angustiada atravessar a parede, aquilo me assustava a cada passo.

Tudo continuava escuro, e sentia que, só por causa da situação, nada mudaria. O ar estava úmido e o fedor de algo podre parecia, a cada passo, mais forte. Minha garganta estava seca por causa do cheiro forte. Me perguntei como havia chegado ali... e pra que eu estava ali...

Eu errei bem na hora errada.

Parecia que o que eu precisava fazer era algo certo, era preciso, mas eu acabara de errar feio! Eu quero entender como eu fiz isso.

Não pensei duas vezes, corri como só eu sabia correr, bem mais rápido que todo mundo! Podiam mandar um Bugatti Veyron atrás de mim que ela não me pegava! Virei e nem olhei pra trás!

Pois nosso Senhor Ares, descera do Olimpo para nos auxiliar.

Algumas histórias corriam entre os soldados, alguns diziam que o general estava seguindo para o Olimpo para receber as bençãos dos deuses, ou talvez se torna-se um Deus como eles. Outras histórias diziam que ele agora entrava sozinho em batalhas em que centenas dos nossos não podiam lutar, estaria sacrificando sua vida, lutando sozinho para que poupássemos nossos homens... mas no final, descobrimos que o general apenas voltara para casa e estava com esposa e filha, aproveitando o luxo de suas vitórias.

Mas naquela tarde, ele havia chegado com o rosto marcado. Teria ele discutido com familiares? Assim como chegou saiu, o olhar dele percorreu o campo de treino e centenas dos nossos simplesmente o seguiram. Nossas tropas estavam alimentadas e prontas para qualquer coisa.

Então, a sineta tocou.

Saímos da sala de aula apressados pra tentar pegar uma bola cheia, queremos jogar queimada hoje, mas os 'garotos legais' sempre chegam primeiro!

Mas hoje, Ah! Hoje estávamos preparados! Pusemos cola-tudo em todas as bancas da sala de aula, e assim que a sineta tocou ninguém conseguiu se levantar além de nós! Está certo que a Musa da sala e outras três garotas ficaram só de calcinha... já que estavam de saia.

Naquele momento nos perguntamos se devíamos apreciar aquilo ou se corríamos... apreciamos por alguns segundos, suficientes pra se manterem em nossas mentes até o final do ensino médio! Saímos em disparada pro armário de bolas!

E depois de um minuto sem destino certo senti os pingos de chuva acertarem minha pele, em especial uma gota bem grande que socou meu couro cabeludo e escorreu até minhas costas, nossa, aquilo me deu uma agonia danada e me fez correr mais rápido que antes.

Comecei a ouvir passos furiosos atrás de mim, dei uma olhadela e vi alguns cães, pelo que deu pra notar, dois Pitbulls e um Rottweiler, e pelo bater das línguas em seus focinhos, estavam com muita fome! Eu também, mas acho que a última coisa que eu precisava pensar naquele momento era sobre comida! Mesmo que na minha cabeça só viesse a imagem de uma morena de quadris largos me servindo batatas fritas só de calcinha...

'O que está esperando?'

E nossos homens partiram em disparada, na direção dos pequenos vilarejos. O general ficou imóvel naquela colina. Dizimamos todos os vilarejos em menos de uma tarde... matamos todos os homens que poderiam erguer uma arma, já crianças e velhos foram poupados e deixamos que eles fugissem por entre a mata densa. As belas mulheres atenienses nos serviram bem durante toda a noite, seu sangue fora derramado ao amanhecer, assim que todos os nossos soldados se serviram com seus corpos.

Acorda!

Foi exatamente por causa de uma dessas que me meti nessa confusão! Três cães malucamente famintos foram soltos por uma baixinho metido a gângster e agora estavam me caçando!

Eu não devia ter me metido com aquela garota, não mesmo!

Tudo bem, ela é linda, a pele branquinha, cabelos negros encaracolados até bem perto da cintura, quadris largos, um bumbum lindo – bem do jeito que eu gosto – e seios que cabem na palma de minhas mãos... É um sonho, mas me ajudou a chegar nesse maldito pesadelo em que estou agora!

E ele, ele continuava no alto daquela colina.

Imaginei o que estaria pensando naquele momento... pouco depois do meio-dia ele desceu da colina e seguiu até o centro dos soldados.

Então eu apalpei as paredes, estavam úmidas e pareciam serem feitas de algum tipo de metal áspero, estavam geladas, praguejei baixinho, estava com medo que alguém indesejado ouvisse e também com raiva de mim mesmo naquela hora e não passava um segundo sem me questionar.

A respiração angustiada passou de quase inaudível pra uma respiração carregada e preocupada, estava acontecendo algo que eu talvez nem imaginasse do outro lado, a pessoa que estava lá, agora gemia baixinho, pedia ajuda, murmurava, como se estivesse há dias esperando alguém. A cada segundo era tomado, ao mesmo tempo, por medo e coragem...

Diante de tudo aquilo bem que ela podia ter me contado que o irmão mais velho dela era da mafia italiana - sim, aquela que a gente vê no Poderoso Chefão, eles tem até um Vito trabalhando pra eles! - e que eles se sentiriam insultados se eu não comesse a massa que a mãe deles fazia para as visitas, mas não! Ela esqueceu de me dizer essas pequenas coisas, eu poderia ter avisado a ela que era alérgico a massas e as pessoas não se incomodariam, não me olhariam com a cara amarrada, com os olhos cerrados e, definitivamente, não puxariam pistolas e soltariam os cães em cima de mim!

É de suma importancia saber que passei duas semanas sem encontrar o general depois do ocorrido... me lembro como se tivesse acontecido ontem...

'Hoje será o dia em que Atenas cairá!'

'Não passe daqui ou seu destino estará para sempre marcado!'

Ouvindo esse monte de besteiras senti que alguém passou rápido do meu lado, parecia estar brincando com minha falta de visão.

O coração acelerou e comecei a suar frio, quando estava sozinho procurando, tudo bem, mas naquele momento a angustia de saber que havia mais alguém ali me assustou... topei em algo e cai pesadamente no chão, exatamente em cima de uma poça de água, porém, ela fedia demais pra ser apenas água.

E enquanto corro penso seriamente que nunca mais devo me meter com uma garota que diga algo como 'meu irmão mais velho quer conhecer você, fica brincando, dizendo que seria legal ter o cunhado trabalhando junto nos trabalhos da família' e depois dá um sorrisinho bobo...

Eu devia ter desconfiado!

Mas não! A carne – e que carne – é fraca mesmo! Devia ter ficado com aquela guria da faculdade, tão linda quanto, a grande diferença era que era mais morena, cabelos cacheados e quadris menores! E aparentava gostar de mim... e tenho certeza que não tinha irmãos mafiosos ou algo assim!

E não demorou muito até que os grandalhões da oitava série apareceram e quiseram as bolas, mas dessa vez, não as abandonaríamos sem uma boa luta! Éramos apenas oito contra todos os malvadões das seis turmas da oitava!

Um segundo depois estávamos numa ferrenha batalha de bolas, sempre a bola acertava o focinho de uma aluno deles e retornava as mãos de um dos nossos! Porém, quanto mais atingíamos nossos inimigos com as bolas, mais deles pareciam surgir! Pareciam Zumbis ou Orcs enfurecidos! A cada dois que caíam três surgiam em seu lugar!

Sem que percebêssemos, alguns alunos de nossa sala – os poucos que haviam se soltado das cadeiras, inclusive a Musa, agora devidamente vestida com uma espécie de cobertor abaixo da cintura - passaram pelo ataque incansável de bolas e se juntaram ao nosso pequeno grupo! Agora éramos quinze!

Mas, opa, não ouço mais as patas dos cães estalando no chão, na verdade, agora que parei... onde diabos eu vim parar?

Um beco escuro... silêncio absoluto... tudo bem, nada de cães me seguindo...

'Pode sair agora, eu não sabia...'

Quem está falando? Nossa... é ela...

'Desculpe, nem imaginei que existia alguém que era alérgico a massas ou algo assim... vamos voltar, já expliquei tudo... e também já trouxemos os cães de volta.'

Andamos por dois dias, quando estávamos próximos de entrar nas terras da deusa Atena, de longe vimos pequenos vilarejos desprotegidos. O general olhou-os com profundo desprezo e seu olhar colidiu com o meu.

Ouvi eles... os gemidos agora eram mais fortes e altos, o barulho de algo arranhando as paredes ecoava na minha cabeça, era como se alguém estivesse tentando atravessar a parede e os passos que me assustaram estavam ainda mais próximos...

Não demorou muito, estávamos diante de uma cidadela, que, ao contrário dos pequenos vilarejos, possuía um pequeno templo... e um oráculo... uma pequena senhora, aparentando seus sessenta, setenta anos.

OK, agora eu volto... seguro firme na mão dela e voltamos pra casa dos pais dela... e olhem só... eles prepararam sorvete pra mim... agora sim, estou seriamente pensando em entrar na mafia... vou ter sorvete de graça!

No final reclamei da escuridão.

O Coliseu da Quadra da sétima série estava fervendo!

Amaldiçoei a coragem que me fez entrar nesse lugar no fim da rua.

Sorrimos e voltamos correndo para a sala...

Por muito tempo ficamos imaginando se, aquela batalha já não estava sendo planejada por anos, por gerações anteriores, mas nunca existiu um grupo com tanta vontade de mudança como o nosso...

O orgulho que há tanto nos foi tomado, agora havia sido estabelecido novamente, nenhuma outra geração de Nerds seria vista como desgraçada ou incompleta, éramos os novos semi-deuses daquele colégio.

(Allan Wagner, 20:52 – 22:12, 14/10/2010)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Porta Que Ficou Aberta.

Só importa o que realmente restou,
e tudo que está em volta.
Eu quis esperar tempo demais,
agora sejam bem-vindos ao meu destino.
Tudo o que acontece é excitante,
esse é o momento,
não importa como, nem quem!
Eu sei que chegarei a algum lugar,
nessas horas eu sei o quanto sou forte.

Você sabe, já achei meu lugar.
Está atrás daquela porta.
Você sabe, que eu sei o que quero.

Eu seguro o que tenho,
e mantenho vivo tudo o que não quero,
sei que tem gente me chamando,
eu posso ouvir,
e eu sei mais que tudo.
Sou Indestrutível.

O último homem de pé.

(Allan Wagner, 06:15 - 06:21, 13/10/2010)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nostalgias.

E de todas as nostalgias que passei,
estar ali me era mais que nostálgico.
Rodeado de brinquedos, doces, contos,
tudo o que fez parte de mim,
tudo que um dia, comigo, foi apenas um.
Meus desenhos animados favoritos,
meus bonequinhos e carrinhos mais amados,
minhas peças de montar,
meus bichinhos de pelúcia,
e até meus vídeo-games mais memoráveis,
lá estavam todos eles!

Há quanto tempo não parava pra ser criança?
Há quanto tempo não fazia uma cara mimada pra conseguir brinquedo, ou doce?
Não era eu durante todo esse tempo,
eu me deixei envelhecer,
esqueci que meu corpo e mente avançam na idade,
mas meu coração e meu espírito devem ser os mesmos de dez, quinze anos atrás,
ainda sou criança,
e não posso deixar isso de lado,
não posso deixar que o melhor de mim fique por aí, esquecido,
não dá pra deixar esse melhor de mim,
não posso, eu me recuso...

(Allan Wagner, 19:32 – 19:37, 12/10/2010)

Ordinário.

Quantos mais vão cair,
quantos vou ter que tombar?

Quantos vão ter flashs de realidade,
antes de saberem as reais consequências?

Quem mais vai querer saber,
antes de perder mais?

Olhem quem vem lá.
Sou eu.
Não passo de um homem comum, ordinário.

Quem eu vou ter que caçar,
pra acordar?

De quem terei que me afastar,
pra mostrar quem vale a pena?

Quantos terei que levar comigo,
pra que você abra os olhos e saiba que não é o melhor de todos?

Me olhe bem ao chegar,
você nunca será melhor que eu.
Pois eu sou o homem comum, sou ordinário.

(Allan Wagner, 11:59 – 12:10, 11/10/2010)

domingo, 10 de outubro de 2010

Trabalho de Dramaturgia - 3º capítulo, 3 páginas – A Estrela Cor-de-Rosa (Início, Meio e Fim).

Não era baixo, nem tão alto quanto os outros garotos de quinze anos... mantinha os cabelos longos como os do avô – até os ombros –, tinha a pele parda, olhos castanhos e era magro, pelo menos aparentava isso debaixo de todas aquelas roupas gigantescas. Carregava consigo uma mochila abarrotada de papel, e, debaixo do braço, uma flauta vermelha.
Caminhava calmamente naquela pracinha, nos últimos dias estava na mesma rotina, saia do colégio, passava em casa pra tomar banho, trocar de roupa, almoçar algo e logo depois estava atravessando a rua pra sentar naquele mesmo banquinho de praça.
Alguns diriam que era apenas um estudante que estava pirando por causa do vestibular ou um louco varrido que não tinha vida social. Mas ele não ligava pra o que as pessoas pensavam dele, estava decidido a esperar dia após dia naquele banquinho, baixava a cabeça e esperava...

Depois de meia hora olhando pro chão ele ergueu a cabeça, procurava algo... mas não achava, dedilhava bobamente a flauta vermelho-sangue e tinha o olhar apreensivo. Jogou a flauta na bolsa, coçou a nuca, tamborilou os dedos no banco, levantou-se, andou de lá pra cá, chutou uma ou duas pedras e então olhou para o relógio... haviam se passado apenas treze minutos... suspirou enquanto olhava o céu e sentou-se novamente. Olhava pra os lados e as crianças que brincavam no escorregador atrás dele riam enquanto se divertiam. Ele ainda estava lá, esperando.

'Você me prometeu a estrela cor-de-rosa'.

Uma voz doce o surpreendeu, num salto caiu do banquinho e logo abriu um largo sorriso.

Ela era um pouco mais baixa que ele, pele cor-de-mel e olhos castanhos, lábios carnudos e o narizinho arrebitado o deixavam hipnotizado. Os longos cabelos castanho-escuros estavam amarrados numa trança que batia em sua cintura. Vestia uma blusa branca leve e a calça jeans de sempre, acompanhada de sandálias vermelhas. Carregava a bolsa do colégio... tinha demorado um pouco mais na aula, o professor decidira segurar a turma dela devido a bagunça. Ela o ajudou a se levantar e o abraçou, como se sentisse saudades.

'Eu sei, mas não posso te entregar hoje...'

'Tudo bem, mas eu quero ela até o final da semana tá? Você me prometeu.'

'Tudo bem, até o final da semana, eu te dou a estrela cor-de-rosa...'

Então ela saiu pelo lado oposto da praça demostrando um sorriso. Ele sorriu como se tivesse ganhado um beijo... ela finalmente dissera mais que duas palavras a ele, era quase como um sonho bom, e o sorriso dela? Ah! O sorriso dela o deixaria feliz até o fim dos tempos!

Puxou a flauta da bolsa.
Começou a tocá-la.
As crianças pararam de brincar e olharam para o garoto.
As mães das crianças pararam de conversar e viraram os rostos para ele.
No sinal do outro lado da rua os motoristas que estavam parados, olharam.
Um grupo de adolescentes que jogavam bola na quadrinha da praça interromperam o jogo pra ouvir.
Até pequenos sabiás silenciaram pra ouvir a melodia.
A única coisa que agora estava entre o som da flauta e o silêncio eram alguns motores ligados dos veículos.

Parecia mágica o modo dele tocar a flauta, como se apaziguasse tudo a sua volta. Agora os motores pareciam estar desligados, só se ouvia o som da flauta...

Então ele parou de tocá-la.
E todos voltaram a fazer o que estavam fazendo.
Ele não notou o que havia acontecido, levantou-se e voltou pra casa, do oitavo andar de um prédio próximo da praça, alguém o observava...

Já passavam da meia-noite da quarta-feira. Ele estava pulando o muro da sua própria casa para sair... carregava apenas sua flauta, mais nada.
O frio o obrigava a se vestir com roupas um pouco mais pesadas. Um blusão do seu time de hockey favorito – era estranho saber que, no Brasil, alguém gostava de hockey -, uma calça grossa, meias e sapatos. Correu até a praça e sentou-se no mesmo banquinho.
Sabia que aquela praça não era segura depois das oito da noite, mas que lugar fora aquele seria seguro? Olhou para os lados e não viu ninguém, preferia aquele silêncio do que gritos e ameaças a noite.
Olhou para o céu.
Estava nublado e feio, nada poderia passar por aquelas nuvens, nem a Lua, e estávamos a duas noites da Lua cheia...
Puxou a flauta e começou a tocá-la.
Mas nada acontecia.
O silêncio continuava o mesmo, e, na verdade, parecia até mais calmo depois daquilo, mas o céu continuava o mesmo...
Levantou-se e voltou pra casa, pulou o muro e logo estava em sua cama, pensativo.

'Tenho duas noites pra entregar a estrela pra ela... e logo hoje, o céu fica nublado! Não acredito!'

Então caiu no sono... e sonhou... não 'sonhou', mas recordou o que havia acontecido a mais ou menos dois meses.

Estava voltando pra casa quando decidiu parar na praça, sentou-se no banquinho e viu as crianças brincando, esticou as pernas e espreguiçou-se. Bocejou alto e coçou os olhos. Olhava de um lado pro outro mas não via nada de interessante, sabia que todo dia ela passava por lá, mas há algum tempo não a encontrava...

Então ela passou.

Olhou pra ele e acenou com um sorrisinho discreto, estava acompanhada de um rapaz, talvez seu namorado. Ele sentiu um aperto profundo no peito na hora... então voltou pra casa e dormiu durante toda a tarde... quando acordou já passavam das sete horas, então decidiu arrumar as coisas no quarto e achou sua velha flauta doce. Tinha um tom de branco morto e aquilo o incomodava. Procurou por alguma tinta entre seu material de desenho e mergulhou a flauta numa tinta vermelho-sangue forte... aquela cor chamava sua atenção.
Eram oito e meia quando decidiu dar uma 'escapulida' de casa e foi até a praça. Sentou-se no mesmo banquinho e desejou, desejou muito que tudo aquilo que ele vira naquela tarde não fosse verdade, que ela não estivesse com ninguém... decidiu começar a tocar a flauta...
No início, era um tom feio, triste, mas em poucos minutos parecia ter relembrado tudo o que sabia sobre flautas, e um pouco mais... sentiu como se o mundo coubesse em suas músicas, então, numa melodia mais triste, olhou para o céu e desejou forte. Uma estrela então, do nada apareceu...

Uma estrela cor-de-rosa.

Ela piscava e iluminava de acordo com a música, então ele a sentiu cada vez mais próxima, e cada vez menor, mas com um brilho infinito. Então parou de tocar e a pequena estrela que descera dos céus estava na sua frente, como se sentisse, a estrela pareceu sorrir e logo voltou ao céu...

Noite após noite ele voltava e fazia a pequena estrela descer, dançar e sorrir, até nas noites mais nubladas ou sem estrelas... então, há uma semana, perguntou para a estrela...

'Poderia te prometer a alguém?'

'Se for para algo puro, estarei prometida a quem você quiser...'

E desde então a estrela não aparecera mais para ele. E por mais que ele tocasse, por mais que ele quisesse, ela não aparecia.

Acordou.

Fez tudo o que vinha fazendo durante a semana, escola, almoço, praça, encontrar ela, tocar, estudar, jantar, fugir, tocar a noite e voltar frustrado. Quinta-feira e nada da estrela. Tinha apenas mais um dia, não, tinha menos de um dia pra conseguir a estrela pra ela, mas não sabia o que fazer...

Algumas horas haviam se passado... e agora ele estava naquele banquinho esperando ela para dar a má notícia, mas ela não apareceu. No fundo ele tinha algumas incertezas sobre aquilo, e certezas inda mais dolorosas do motivo dela não aparecer...

Primeiro, ela estaria apenas tratando-o como amigo, e, como prometera um presente, estava ansiosa, apenas isso... segundo, ela teria perdido uma aposta com amigas e agora era obrigada a falar com ele todo dia... terceiro, e talvez a pior certeza: estaria com o namorado, enquanto ele estava ali, esperando-a, como não deveria fazer, como fazia já a dois anos, sabendo que não tinha chances, apenas esperava...

Era oficial, ela não viria, as crianças já se arrumavam com suas mães para irem embora e o céu já estava escuro, algumas luzes da praça já estavam acesas, os carros passavam em menor fluxo e os rapazes já não jogavam bola, era hora do jantar.

Então tocou sua flauta, mas dessa vez era uma melodia triste, não fúnebre, mas tão triste que faria as nuvens chorarem, tão pura que traria a vida as paixões mais ardentes, mas tão triste que abateria a luz do Sol, ocultaria o brilho a Lua, tão pura que faria com que olhares fossem mais que suficientes pra dizer tudo, mas tão triste que apagaria as estrelas do céu...

Eram oito horas e ele não voltou pra casa. Decidiu ficar por ali. Sua mãe ligou pro celular e ele apenas respondeu que estava estudando, aquilo acalmaria sua mãe.

Então olhou para o céu e respirou fundo, tomou coragem pra levantar e o fez, mas antes que saísse alguém o abordou, era ela. Ele não quis olhá-la nos olhos, não tinha a estrela cor-de-rosa. Então ela o abraçou e agradeceu em silêncio.
Abriu as mãos e lá estava a pequena estrela, brilhando, pulsando como um Sol...

'Ele veio até mim hoje a tarde, disse que estava ouvindo uma música muito triste.'

Ambos sorriram, ela soltou a pequena estrela que retornou feliz ao seu lugar, e os dois, depois de tanto tempo, por mais que quisessem falar tudo, não conseguiram dizer nada, pois seus olhares diziam mais do que as palavras podem expressar.

(Allan Wagner, 19:32 – 20:45, 10/10/2010)

Flores no Deserto.

Segredos ocultos pelo tempo,
sonhos que foram abandonados,
deuses andarilhos nas areias,
sonhos que envolvem amor,
que envolvem pássaros,
que nos dão asas,
são todos flores no deserto.

Como promessas gastas com quem não devemos,
assim como pássaros não queimam em seu planar,
como animais que não podem se alimentar de seus próprios sonhos,
seguindo plantas que desejam andar,
tudo o que não vale a pena,
são flores no deserto...

Os deuses traindo nossa confiança, traindo aqueles que lhe são devotos,
roubando nossas vidas, nosso tempo, nosso amor,
que deveria ser dado de bom grado,
como aqueles que não são bons,
aqueles que apenas nos traem,
tudo,
todos,
são flores no deserto...

(Allan Wagner, 11:23 – 11:30, 09/10/2010)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Por Um Pouco de Paz.

No começo do dia pensou que não iria fazer nada. Acordou tarde e não caminhou no parque, sentiu uma preguiça gigantesca lhe tomar o corpo... levantou-se lento, foi até a sala e recostou a cabeça na poltrona. Esperou o tempo passar enquanto assistia televisão, as férias haviam começado e ele tinha um prazo de dois meses pra entrega de um trabalho, mas o trabalho já estava pronto. Assustou-se quando recebeu uma ligação, que na verdade ele sabia que iria receber, mas esquecera totalmente.
Sentiu-se animado novamente, arrumou-se e saiu pensando em outras coisas, encontrá-la foi melhor do que esperava...
Mas, é claro, se perdeu primeiro do lugar marcado e levou um banho de um ônibus. Mas logo depois a achou e decidiu comprar algo pra se vestir, ela ajudou.

Conversar, a quanto não conversava sinceramente com ninguém?
Simplesmente por não ter com quem conversar.
Queria.
Mas não esperou nada.
Estava conversando.
Estava bem...
Mas ouviu um segredo...
Um segredo, que, no final ele não sabia se queria ou não ouvir... mas no fundo queria, sentia-se importante pra ela, sentiu-se bem de saber que ainda confiavam nele. Aquilo fazia ele se sentir o mesmo de novo...
Mas ao mesmo tempo sentiu raiva com aquele segredo.
Não, raiva não. Sinceramente, pode-se dizer que o que ele sentiu foi ódio. Ou algo pior... não lembrou de ter sentido nada assim antes...
Sentiu que deveria caçar quem fez tanto mal. Que deveria puni-lo, machucá-lo. Mas não sabia como, nem se era a ação certa a tomar...
Não sabia explicar, mas sentia que aquilo era bom, não por ser um sentimento ruim, mas por sentir que aquilo acontecia por que ele se importava e há tempos ele não se importava com nada.
Suas mãos tremeram, segurou os próprios braços para que eles não fizessem movimentos bruscamente violentos, segurou o que sentia pra não explodir de raiva e lembrou-se como aprendeu a conter esse temperamento explosivo, sentiu que não poderia levantar de onde estava.
Sentiu-se incapaz.
Passou tanto tempo longe que até não se achou no direito de saber daquilo.
Também não acreditou que aquela pessoa tão forte e decidida que conhecia passara por aquilo e havia se mostrado tão inocente. Não a culpava, pelo que conversaram, sabia o que ela havia passado antes, pelo que o coração dela havia passado, a confusão deixara ela fora de si, semelhanças que o coração dele já passara e de como ele mesmo já havia estado antes.

Estava sendo inundado por um misto de milhares de sentimentos e princípios.

Pensou em muita coisa em muito pouco tempo.
Na despedida, pediu desculpas por pensar numa chance que, talvez, nem exista.
Agradeceu por revê-la, mesmo que numa condição que não esperava ver para amigo algum. E queria revê-la o mais cedo o possível. E veria.
Chegou em casa e passou a tarde fazendo uma das coisas que ele faz de melhor: escrever. Se expressar sem ninguém ouvir. Expressão no silêncio. Escreveu uma mensagem pra ela e pediu que tudo desse certo. Contou a ela como foi o dia na visão dele. Tentou mandar por e-mail, não sei se conseguiu, está esperando chegar a sexta-feira, quem sabe para entregá-la a mensagem, ou não sabia como entregar...
Sentiu uma pontinha de ressentimento, por, infelizmente, naquele momento, não poder fazer mais nada além daquilo pra ela.
Só queria que ela estivesse bem e dormiu em paz.
E pediu a Ele que ela também descansasse em paz, que tudo desse certo nos dias seguintes, dormisse bem e estivesse em paz...

(Allan Wagner, 19:32 – 19:47, 08/10/2010)